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Uma rua bagunçada

Passado todo esse tempo, o Centro Histórico de Porto Alegre ainda está na UTI. Tem previsão de sair dela. No entanto, ainda terá um longo tempo antes de receber alta hospitalar.

Foto: Fernando Albrecht

A imagem mostra a Rua da Praia na parte em que a água não chegou. Só que estava em obras antes da enchente, agora retomadas.

À direita, um novo emissor de barulho constante em toda a área, geradores de energia. Perto dali, a Borges de Medeiros apresenta a mesma paisagem.

Mali meni

Em italiano, “mais ou menos”. É a frase em português que mais ouço quando pergunto a lojistas e donos de operações gastronômicas sobre o pós-enchente.

Nos bairros mais atingidos da Capital, o recomeço se dá com feridas ainda abertas. Observo restaurantes e lancherias e com poucas exceções, ainda respirando por aparelhos por falta de clientela.

Por falar em perder tudo…

O prefeito Sebastião Melo anunciou um investimento na ordem de R$ 5,5 bilhões em habitação em Porto Alegre. O Plano Estratégico de Reconstrução da Capital mapeou a necessidade de 20.781 habitações, entre total e parcialmente destruídas. Sua viabilização econômica está atrelada ao compromisso assumido pelo Governo Federal de investimentos em habitações de interesse social aos gaúchos que perderam seus lares.

Empréstimo caro

A Finep, empresa pública de financiamento de estudos e projetos, anunciou que tem R$ 150 milhões para as empresas atingidas. Parece que é de “grátis”, só que não. É empréstimo que um dia terá que ser pago.

https://lp.banrisul.com.br/bdg/link/reconstruir-rs.html?utm_source=fernando_albrecht&utm_medium=patrocinio&utm_campaign=conta_pj_reconstruir&utm_term=visibilidade&utm_content=escala_600x90px

Além do mais, nada de juro de pai para filho. Só o spread dos bancos repassadores é de 5% ao ano mais os juros, que totalizam cerca de 10%. “No mól”, o Brasil só deu dinheiro a fundo perdido para países como Cuba.  

Radar de varredura

Por mais que a mídia tente, não tem como cobrir todas as regiões em recuperação nem da Região Metropolitana nem no interior do Estado. Por informações que me chegam, é valente esse nosso povo ao reconstruir o que foi perdido. O porém de sempre é que muitas famílias e empresas perderam tudo, incluindo a falta de recursos para se levantar. Essa é a tragédia 2.

Recordes

Entre as mais notáveis matérias do jornalismo gaúcho na cobertura das enchentes esteve uma mesa-redonda com prefeitos de cidades atingidas ensinando como fazer prevenção de cheias.

https://cnabrasil.org.br/senar

Desejo e realidade

Venderam ao governo federal a ideia que a economia do Rio Grande do Sul vai se recuperar e atingir o nível pré-enchente no final do ano. Ideia compactuada pelo ministro Paulo Pimenta, que dá expediente em Porto Alegre. Como é que eles chegaram a tão absurda conclusão carece de explicação.

Chance para o azar

A Anac quer prolongar a jornada diária dos pilotos comerciais de 12 para 14 horas. A literatura de desastres aéreos está cheia de casos em que uma das causas de acidentes aéreos é a longa jornada das tripulações. Mesmo que hoje pilotos sejam mais fiscais de computador, é muita coisa para comandante e copiloto cuidar.

Jornalistas sobrecarregados

Com jornalistas sobrecarregados, o perigo não é de acidentes, e sim de informação com defeito. Tem que postar uma matéria nas redes sociais, no site, WhatsApp e Cia. Pode haver o risco de sair serviço rápido e mal feito.

A soma de todos os medos

O medo é uma centopeia, com muitos medos caminhantes. Desde o início dos tempos o Homem vivia nas cavernas ou se protegia subindo em árvores altas por medo de predadores, medo da escuridão, medo de outros humanos, medo da chuva, medo do raio.

Por isso, a Humanidade começou a ser armar. Primeiro, com lanças e tacapes improvisados. Depois, com arco e flecha. Quem tinha o melhor equipamento usava para guerrear contra outros humanos.

Com o passar dos séculos, o Homem inventou formas para domar o medo, construindo abrigos mais sólidos em cavernas e reentrâncias de morros. Dali veio também o medo da falta de alimentos, então estocava o que não era perecível.

Com a descoberta do sal, souberam que ele retarda a putrefação da carne, por exemplo. O sal, ou cloreto de sódio, era tão importante que era como dinheiro vivo. Dele vem a expressão do salário, do latim do tempo dos romanos.

Gosto mão se discute, mas

…achei muito poluído o novo visual da pg3 do jornal Zero Hora. Viraram tudo de cabeça para baixo e terminaram com a histórica página 3, que vinha dos anos 1960 com o nome de Sal do Dia. Eu escrevi a página de 1982 até o final de 1989.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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