Há alguns anos, antes da internet, fazia muito sucesso o Guia dos Motéis. Certa feita, recebi um release deles informando que estavam selecionando testadores de motéis, emprego de carteira assinada, salário mensal de R$ 2 mil na época, cerca de R$ 3 mil hoje, gasto com combustível pago.
No dia seguinte, recebi um telefonema de alguém que se disse interessado no emprego. Então, queria saber mais detalhes. Entra no Portal do Guia, expliquei.
Uma coisa não estava batendo. Pela voz deu para perceber que se tratava de alguém idoso ou a caminho dessa condição. Voz trêmula, ofegante. Então, perguntei se ele levaria a matriz ou a filial para o teste.
– Como assim? – perguntou ele. – Para que levar a mulher?
– Ué! Vais ter que ver se a casa é limpinha, se o colchão é macio, se o ar funciona bem, se o chuveiro é bom. Então, para isso, tens que levar uma mulher para o teste pegar todas as nuances dos serviços e atendimento.
Fui interrompido por uma sonora gargalhada.
– Ah, puxa, (risos), nossa. Eu não tinha percebido (risos e mais risos que o deixaram mais ofegante ainda). Agora que fui entender.
– Mas o que pensavas que fosse ser testador de motel, vivente?
Mais gargalhadas.
– Nossa… Eu achei que tinha que testar a estrutura do prédio, um serviço de engenharia de construções. Hahaha, sou empreiteiro. Você me fez dar boas risadas, salvou meu dia!
Ri junto. Ele salvou meu dia também.