De vez em quando, é preciso enxergar os acontecimentos de uma boa altura para entender o que está acontecendo. É o distanciamento crítico criado pelo dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Nos dias de hoje, há várias definições correspondentes, incluindo “vê melhor quem vê de longe”.

Pois bem. O que eu vejo à uma distância e altura prudentes? Um país ainda dividido, mas com forte desgaste do partido do governo e do próprio presidente.
O povo não perdoa o alto custo de vida cada vez maior. Há um precedente histórico, na eleição disputada por Bill Clinton e George Bush pai, que disputava a reeleição.
A lição americana
Bush tinha vencido a primeira guerra contra o Iraque, o que alegrou o povo americano. Entretanto, perdeu a eleição.

Um assessor graduado de Bush não entendeu como isso podia ter acontecido. Ficou perplexo com o resultado.
Em encontro com um marqueteiro de Clinton chamado de Cartwhrigt, ouviu dele uma frase que ficou famosa: é a economia, estúpido. O custo da guerra elevou a inflação, e os preços explodiram. Aqui se faz, aqui se paga.
O que é demais enjoa
O responsável pela vitória de Lula em 2002, o baiano João Santana, contou que, o jeito Lula de falar e se comportar em público cansara. Até sua voz roufenha passou a ser considerada uma chatice.
Sempre lembro de uma história dos anos 1970. Um publicitário famoso, que atraía atenção com suas falas, viajou ao Rio de Janeiro no voo 100 da Varig, sem escalas.
Por acaso, eu estava neste voo e sentei atrás do publicitário e um diretor de empresa que interessava à agência de propaganda do vizinho de assento, que ficou vivamente impressionado com o fraseado do gaúcho. Passou-se um tempo e, em um desses eventos de entidades empresariais, encontrei o tal empresário.

Então, perguntei se tinha passado a conta publicitária da sua empresa para o vizinho de viagem. “Não”, falou ele secamente. Perguntei o motivo, já que ele parecia tão interessado. Sua resposta:
– Ele cometeu um erro. Na viagem de volta para Porto Alegre sentamos juntos de novo.
OTNI

Se existem os OVNI, objetos voadores não identificados, o centro de Porto Alegre também tem uma variante, objetos terrestres não identificados. Esse estranho objeto de ferro está na Rua da Praia há alguns anos, e todos se perguntam para que serve.
Não serve para nada, mas já serviu. Nele era presa a caixa para colocar correspondência dos Correios. Como, nos dias que correm, é uma temeridade deixar cartas dando sopa, resolveram retirar as caixas de fibra de vidro. No entanto, o suporte que a segurava ficou. E muito bem preso no solo, por sinal.
O que é, o que é…
…hipergamia? Quando uma das pessoas é mais rica e, por isso, apoia financeiramente a outra, também é chamado de relacionamento Sugar.
Geralmente, são mulheres jovens. Isso sempre existiu, mas agora trocaram a roupagem com esse nome pomposo.
O Brasil está cheio de hipergamia. Há estudos mostrando que a maioria das hipergâmicas precisa de alguém para custear seus estudos ou reforçar seu salário.

Os tempos mudam, e hoje parte delas assume essa condição publicamente, para família e amigos. Se é certo ou errado é uma coisa. Mas estou simplesmente registrando um fato. Não brigo com a notícia.
Quartos separados
Nos anos 1970, começou timidamente a separação de quartos entre os casados. O que, de certa forma, é mais civilizado e provavelmente retarda brigas conjugais que resultam em divórcio.
Mais ou menos naquela época, alguns pioneiros foram além, o de morar cada um no seu apartamento ou casa e só ficarem juntos nos finais de semana. Conheci vários casais assim, e todos me garantiram que é o melhor modo de um casamento duradouro sem desgastes.
É, pode ser. A questão é que é difícil os dois concordarem com este, digamos, regime de casamento. Até porque entra um sentimento poderoso, o ciúme.
“Não há justiça para os mortos.”
Pensamento do Dias