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Qual é, bicho?

A gíria, os produtos e os costumes da época atual e a de décadas anteriores quase não têm mais laço de união. Na gíria, pelo menos duas expressões também são daqueles anos, e não invenção da gurizada de agora.

“Meu”, para iniciar qualquer conversa, já era usado no final dos anos 1950, incluindo a forma interrogativa “e aí, meu?”. A outra é “bicho”, do início dos anos 1960. Criação da Jovem Guarda do Roberto Carlos.

O perfume mais famoso da época era o caro Chanel Nº5. Foi feita uma campanha de marketing para vendê-lo. Uma famosa atriz da época, Marilyn Monroe, disse que não usava nenhuma lingerie para dormir, salvo uma gotinha do Chanel.

As mulheres da classe média de então, muito mais poderosa do que a de hoje, amarravam-se no Cabochard, lançado em 1959. Por outro lado, os homens gostavam da loção Lancaster. Você ia a um cinema e toda a sala rescendia a Lancaster.

Como o vinho na visão dos entendidos, perfumes têm notas, subnotas e lá vai pedrada. Olhe só como ele é tecnicamente descrito: as notas de topo são aldeídos, especiarias, notas frutadas, assa-fétida, estragão, limão siciliano e sálvia; as notas de coração são raiz de Orris, jasmim, ylang ylang (?), rosa e gerânio. As notas de fundo são couro, sândalo, âmbar, patchouli, almíscar, capim molhado, coco, musgo de carvalho, vetiver e tabaco.

Não sei se isso tudo cabe num nariz só.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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