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Princípio de Insignificância

Quanto mais homens públicos invocam o povo para justificar seus feitos, menos ele pesou nestas decisões. A contabilidade eleitoral não leva em conta pessoas, só seus votos.

O tempo e as vítimas do bisturi

Pode ser engraçado, pode ser triste, pode ser trágico. O pensador libanês Gibran Khalil escreveu  que “cada vez mais desesperadamente o homem procura dilatar o tempo que já não tem”.

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Do ponto de vista cínico, que não deixa de ser uma forma razoável de aguentar o tranco, serve para os que querem remoçar a qualquer custo via medonhos e dolorosos rituais cirúrgicos. Nunca esqueci o texto que um cirurgião publicou há bastante tempo na Zero Hora, em que analisava essa busca desesperada pela volta do tempo que se foi.

Quando alguém faz uma plástica dessas violentas, disse ele, fica com a cara de… quem que fez plástica!

https://conteudos.senairs.org.br/brasil-mais-produtivo?gad_source=1&gclid=CjwKCAiAyJS7BhBiEiwAyS9uNUBTDueLOnnRU_qR_P_Pc93axdsBAv5EKF3tbgGm2LrHKrGOBA9fTBoC0HsQAvD_BwE

O “Como ficou bem tua plástica!” que bajuladores dizem para as vítimas do bisturi nem sempre é verdade. Na maioria das vezes, é uma mentira piedosa, preâmbulo para conversas subsequentes tipo “Viste como ela ficou horrorosa?”.

No meu modesto entender, plástica mesmo é aquela em que a pessoa lhe diz “Mas tu estás diferente? Já sei, com novo amor, né?”.  Conheço um destes artistas que prima pela discrição. Ele nunca dá às suas clientes o ar de “Cheguei!”, como certos perfumes.

O paradoxo: hoje plásticas não tiram, botam peitos, lábios, bundas e preenchem malares. É a versão feminina do Frankenstein.

https://cnabrasil.org.br/senar

O trágico, descarregando alguns quilos do meu cinismo, é que a autoestima ou sua falta fazem toda a diferença. Por isso é que o sonho de consumo de uma garota pobre da periferia é ter um aparelho ortodôntico na boca. E, pelo mesmo motivo, a ricaça vê as marcas do tempo e chora.

Mas ela tem dinheiro para uma nova cara. Então me despojo – provisoriamente – do resto do meu cinismo e, sem querer ser pastor de autoajuda, aí vai uma do escritor Franz Kafka: o tempo é o teu capital; tens de saber utilizá-lo. Perder tempo é estragar a vida.

Às vezes, com plástica.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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