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O tijolão salvador

Nos tempos em que eu era bancário, antes de ser jornalista, passei trabalho e até fome em anos de salário pouco e fome muita. Foi entre a segunda metade de 1965 até 1966.  Eu tinha vindo de Montenegro e passei alternando moradia entre pensões e as “repúblicas”, grupos de amigos ou conterrâneos que dividiam casa ou apartamento.

Foi ruim, porque os bancos pagavam pouco e só depois que fui promovido no banco com salário melhor mais o salário de jornalista como repórter da madrugada. Aí deu uma aliviada, podia comer melhor e morar melhor.

A fome, essa malvada. Para ilustrar esse tempo, digo-vos que a pior coisa do mundo é dormir com fome. Com dinheiro só para a passagem do bonde, não podia sonhar nem com um lanche digno desse nome.

A salvação era um tijolão chamado Mata-Fome, restos de bolos socados em formato de tijolo. Não era lá essas coisas. Entretanto, estômago com fome é igual à avestruz, que come até botão. O Mata-Fome ideal era o que vinha acompanhado com uma batida (vitamina) de abacate (com leite).

Então eu era um sujeito feliz. Ia para meu humilde tugúrio dormir com o estômago cheio e fome zero.  

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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