O goleiro Manga, que morreu aos 87 anos e teve passagem no Grêmio e Inter, onde se consagrou, tinha lá suas histórias que viraram folclore. Nos anos 1970, ele queria tirar um empréstimo no Banco Bandeirantes, cuja agência ficava na rua Uruguai, Centro de Porto Alegre.
O gerente, Moadir Leite de Souza, pediu um avalista bom, e ele foi Frederico Armando Balvé, presidente do Inter. Manga precisava, digamos 10 mil. Naquela época, estes empréstimos de curto prazo (90 dias) eram chamados de papagaios.
O juro era baixo perto dos de hoje, 35 ao mês mais IOF de 0,2%. Então os 10 viravam 9. Quando Manga foi tirar o dinheiro, deu uma bronca no gerente porque pedira 10 e vieram 9.
Pacientemente, Moadir explicou que os juros eram “por dentro”. Manga não ficou muito convencido, mas deixou passar.
Três meses depois o goleiro foi à filial do Bandeirantes com 9 mil. Não, disse um funcionário, são 10 mil.
– Eu pedi 10, me deram 9 e agora querem que eu pague 10? Que história é essa?
Mais uma bateria de explicações, mas desta vez, Manga ficou furioso. Entretanto, pagou os 10.
Durante meses ele passava na frente da agência, parava na porta e, com as mãos em concha, gritava a plenos pulmões.
– Gerente ladrão!
Querem saber de uma coisa? No fundo, no fundo o Manga tinha razão.