Dois funcionários do governo do Estado que estavam a serviço em Uruguaiana voltaram para Porto Alegre em ônibus da empresa Planalto, no horário noturno. Os poucos lugares disponíveis ficavam nos últimos bancos, perto da porta do banheiro. Após meia hora da monótona viagem eles cochilaram.
Mal tinham fechado os olhos, e alguém abriu a porta do banheiro, que além da fazer o barulho quando fecha acende a luz. Era um rabino, roupa preta, barba longa, chapéu preto.
Minutos depois da saída dele, eles recomeçaram a cochilar. Nem meia hora depois o rabino voltou, interrompendo novamente o sono dos passageiros azarados.
Alguma coisa ele comeu de errado, pensaram os funcionários, porque ele voltou ao banheiro do ônibus. Entre um e outro passageiro que procurava o recurso móvel, lá vinha o rabino de novo. Eles não queriam acreditar. Mas, de tempos em tempos, lá vinha o cara de preto, da barba e do chapéu de novo.
Quando o ônibus chegou na Rodoviária da Capital gaúcha, os azarados funcionários trataram de identificar o rabino e chegaram a pensar em perguntar qual era o motivo de tanta dor de barriga. Assim que levantaram do banco, desistiram da pesquisa.
Não era só um rabino. Eram sete.