Certa vez, nos anos 1980, o meu grande e falecido amigo jornalista Melchiades Stricher estava internado na Beneficência Portuguesa de Porto Alegre. Convalescia de uma cirurgia para desentupir a carótida.
Como ele fazia esse procedimento pelo menos uma vez por ano, já estava acostumado. Levava na boa. Mas sempre fora no Hospital Ernesto Dornelles, que, daquela vez, não tinha vaga. O colocaram-no com outro paciente no quarto, que estava em estado crítico.
Se havia uma coisa que o Melchíades “Nada Pessoal” Stricher detestava era ver paciente sofrendo ao seu lado. Era madrugada alta e, de repente, o colega piorou a olhos vistos.
Em pânico, Mel acionou a campainha que alertava a enfermagem. Como demoraram, ele não teve dúvida: saiu para a rua com aquele vestimenta esvoaçando e se plantou no meio da avenida Independência acenando para os táxis que passavam. Levou horas para um parar.
Mel deu seu endereço residencial. No trajeto, o taxista comentou a causa óbvia dos colegas não pararem.
– Olha, você vai me desculpar. Mas com esse avental aberto atrás, com a bunda de fora, certamente foste confundido com um louco que fugiu dos hospício.