Adelaides Bar, da rua Marechal Floriano, foi um templo da música de seresta & chorinho e sambas da velha guarda. Lupicínio Rodrigues, Johnson, Clio do Cavaquinho, Plauto da Flauta, Marino do Sax e tantos outros ases seresteiros e chorões.
Eu ia bastante no Adelaides, que começou com um barzinho despretensioso. Entretanto, com o correr dos anos, transformou-se no lugar mais cult de Porto Alegre.
Conheci Adelaide por volta de 1967. Ela abriu o estabelecimento em 1972, que não tinha nenhum atrativo, com poucas mesas. Durante anos, nunca mais fui lá.
Um ano antes de casar, ouvi falar nela, e falatório do bom. Todos os ases da MPB/Seresta estavam lá todas as noites. Ocupavam uma mesa e se revezavam conforme os compromissos de cada um. Mas o núcleo do reator estava lá. E já era um bar de respeito.
Cansei de me deslumbrar com a cantoria e com o clima do lugar. Além da música, você curtia as histórias contadas pelos artistas e amigos dos artistas, entre eles. Meu tipo inesquecível era o Clio do Cavaquinho.
A Adelaide, já falecida, ganhou muito dinheiro. Mais tarde, abriu o Chão de Estrelas, na rua José do Patrocínio, Cidade Baixa.
Também teve seu tempo. Mas como Porto Alegre funciona por ondas, ambos começaram a morrer de morte morrida.
Já nos anos 1980, Adelaide ainda tentou manter acesa a chama e abriu bar com mesmo nome na Vigário José Inácio, quase esquina com a Salgado Filho. Mas não era mais a mesma coisa.
A história não se repete, e os bares famosos também não. Eles só morrem uma vez, não ressuscitam. Nada de música ao vivo, só uma pálida lembrança dos tempos gloriosos.