Conheci uma procuradora da República que se chamava Raquel Dodge. Sobrenome ilustre que em outras épocas renderia uma boa propaganda para a Chrysler, cujo modelo mais conhecido é justamente o Dodge. Nos anos 1940 até o final dos 60, a marca disputava mercado com os carros da GM, Chevrolet em especial, e o genérico Ford.
Um amigo do meu irmão mais velho Werner gostava de caçar. E os três principais cachorros que levava chamavam-se Chevrolet, Ford e Dodge.
Perguntei a ele, no frescor dos meus 12 anos, qual deles era melhor na função de embretar a caça. Mas não recordo qual foi a resposta. Uma coisa é certa: não foi Ford; fosse, eu lembraria.
Naquele tempo, como diz a Bíblia, a gurizada tinha suas preferências centralizadas nestas três marcas. Minha era Ford, um primo mais chegado “torcia” pelo Chevrolet.
Existiam poucos automóveis naquela época, todos importados. Em 1954, Getúlio Vargas proibiu a importação de automóveis com valor superior a US$ 1,5 mil, que permitia comprar apenas carros de entrada ou de montadoras europeias.
Resultou que todos os importados antes desta data, e não foram poucos, passaram a ser muito valorizados, mesmo com alta quilometragem. Quase idosos, eu diria.
Havia os europeus de baixa cilindrada e potência como o Renault Juva 4, chamado de rabo-quente por causa do motor traseiro, o Austin A40, Citröën, Anglia (Ford inglesa) e o polonês Skoda.
Pequeno e frágil, era um carrinho que os castelhanos chamam “chico chico pero cumplidor”.