Devastada pela II Guerra Mundial e piorada pelos erros do regime comunista, a URSS enfrenta uma fome daquelas. Numa noite fechada de dezembro, neve pra mais de metro em Moscou, a fila do pão é enorme, esperando a abertura da padaria, às 8h da manhã.
Aparece um jipe do Exército Vermelho. Desembarca um oficial que grita:
– Judeus saiam da fila.
Surpresos, os judeus saem da fila do pão e somem na noite fria. Neva mais forte. O jipe parte. Quinze minutos depois o jipe volta. Desce o oficial:
– Quem não lutou na revolução de 1917 fora da fila.
Outros russos somem na noite. E a neve não para de cair. O jipe vai embora e volta em mais 15 minutos. O mesmo oficial desce e grita:
– Quem não combateu na Grande Guerra Patriótica, fora.
Mais um grupo cai de banda na noite escura. E a neve aperta. O jipe sai ligeiro e volta em 15 minutos O oficial a grita:
– Quem não for membro com carteira do Partido Comunista da União Soviética, fora da fila. Os outros ficam aqui!
Some mais gente. Neva muito, sopra um vento capaz de levantar elefantes. O oficial chama os restantes, nada mais de que seis moscovitas e diz:
– Camaradas, vocês são do partido, então posso falar. Na verdade, não há pão. Nem quem faça o pão. E também não tem farinha, a safra de trigo foi um desastre. Sinto muito. Esta é a verdade. Alguma pergunta?
Aí, um moscotiva baixinho, enfiado num capote mais velho que a Revolução de 1917 ergue a mão:
– O camarada oficial permite uma pergunta?
O milico faz que “sim” com a cabeça:
– Camarada, tudo bem, nós entendemos a situação, Mas, por que livraram os judeus do frio primeiro?