Dia 31 comemora-se uma festa alienígena, a americana Halloween, o que mostra o nosso colonialismo até no folclore. Também é dia do nosso Saci Pererê.
Sua história é um verdadeiro símbolo da mistura cultural do Brasil, com raízes indígenas, africanas e portuguesas. A afirmação é da psicopedagoga e escritora paulista Paula Furtado.
“O Saci é muito mais do que um personagem engraçado. Ele carrega a astúcia, a irreverência e a resistência – características muitas vezes associadas às classes populares e aos marginalizados. Sua história é um verdadeiro símbolo da mistura cultural do Brasil, com raízes indígenas, africanas e portuguesas. Em resumo, ele é a cara da nossa diversidade.”
O que tornou o Brasil monótono e pobre foi o politicamente correto. Dentre suas vítimas está o Saci Pererê. Lembro como eu gostei do personagem do livro de Monteiro Lobato, que o retratava com simpatia.
Até filme virou, e era bem de acordo para ser curtido pelas crianças. Há uma passagem em que ensina como capturar o Saci.
Em tardes modorrentas e com algum vento que gera redemoinhos, colocava-se uma peneira com uma cruz pintada no alto. Bastava colocá-las em cima do redemoinho para capturá-lo, e depois fechava a boca de garrafa para prendê-lo de vez. Mas ele tinha uma lábia tal que em seguida conseguia ser solto.
Alguém me disse…
…que estás/Tão diferente/Com novo amor/Nova paixão/Toda contente.
É parte da letra de uma música que gosto muito, dos anos 1970. Hoje não se fazem mais músicas que contam histórias, além de terem melodias pobres como rato de igreja.
Vou bater nessa tecla até partir para o além: tudo tem uma história por trás, inclusive matérias de economia aparentemente insossas. A função do repórter é descobri-las e, com ela, vestir o texto.
Estou convicto que a leitura dos jornais caiu por este motivo. Descobrir a história deveria ser cláusula pétrea do jornalismo.
Meu pudim preferido
Ao almoçar no restaurante Luz do Mercado Público de Porto Alegre a atendente falou que eu deveria provar o pudim da casa, porque havia lido no cardápio da cafeteria À Brasileira que eu havia classificado o dela como o melhor pudim de Porto Alegre.
No início, não captei a mensagem. Mas depois lembrei que havia feito o elogio para a proprietária, Ana. E claro que ela aproveitou o elogio. Faz bem para o ego ser referência.
Mas como se faz um pudim perfeito é coisa que desconheço. Gosto do pudim de leite, de laranja quando é bem feito (difícil de encontrar) e um que nunca mais encontrei, leva avelã, uma oleaginosa segundo minha consultora de assuntos culinários, Tânia Meinerz.
A vergonha perdida
A publicação Financial Times fez uma matéria perguntando se os políticos americanos perderam a vergonha. Não só perderam, como nunca mais a encontraram.
Mas não estão sozinhos. Os nossos também não ficam mais vermelhos.
Por onde passam os elefantes?
O Ministério da Fazenda quer reduzir o valor do Seguro Desemprego. Acho que antes deveriam passar um pente fino no Bolsa Família. Passa até elefante, não há fiscalização efetiva.
Você ouve casos de arrepiar. Um empresário na área de alimentação me contou que alguns funcionários fazem de tudo para serem demitidos e logo entram na Justiça do Trabalho, onde sempre levam algum. Mesmo sem razão.
Depois optam pelo Seguro Desemprego ou Bolsa Família, o que paga mais. Meio ano mais tarde, repetem a estratégia.
“Das vidas que eu não tive, algumas certamente teriam sido muito chatas.“
Pensamento do Dias