Quando eu era menino e já me encaminhando para a adolescência, meus temores eram os mesmos de todos, eu acho: medo do mundo. À medida que fui crescendo e lendo cada vez mais, passei a temer doenças e a III Guerra Mundial. No primeiro caso, era a tuberculose, tétano – perdi um irmão que não conheci, o Mario, para esta terrível doença – e a então chamada lepra.
Basicamente, eram essas, mais para estresse normal desta idade de crescimento. Em uma ocasião, fui picado no polegar por uma cobra.
Meus pais tinham viajado. Então, apelei para uma senhora de São Vendelino, que fazia remédios com ervas. Vi-me mal por três dias, mas passou.
Quando comecei a ler mais sobre bomba atômica, meus temores se estenderam para os efeitos da radioatividade. Quem viu a série Chernobyl vai me entender. Foram os tempos da guerra fria.
A literatura sobre o fim do mundo, a chegada do Apocalipse, pegou-me em cheio por causa da Igreja Católica. Mas antes disso o medo maior fora o inferno.
Os padres adoravam falar nele. Via de consequência, o medo maior era virar espetinho de gente com direito a espetadas de salmoura na churrasqueira de Belzebu.
Vocês mais jovens não têm ideia do pavor que a Igreja inculcou nas crianças e adolescentes. Dava a impressão que queimadas para todo o sempre mesmo se confessasse algo como estar amparado por liminar.
Resumindo, meu maior medo era o inferno da Igreja Católica. Nunca cheguei a pensar em pandemias ou algo assim.
Hoje a temos. Moral: mudam os tempos e a Idade, sempre vivemos com algum tipo de medo. O inferno é aqui.