O tradicional cafezinho que molha as ideias de grupos cidade afora, agora é só para quem está com o burro na sombra. Há oito meses, o simples de xícara pequena custava entre 5 e 7 reais. No entanto, hoje é vendido entre 8 e 12 reais.

Pior vem agora: a qualidade é horrível em muitos casos. O que fizeram contigo, Brasil?
Se ferrando com graça
As opiniões dos analistas sobre o que esperar do tarifaço de Donald Trump no Brasil quase sempre embutem mais dúvidas que certezas. E dá para entender, porque ainda não sabemos como será amanhã, o que dirá mais adiante.
Os analistas têm um cacoete quando em dúvida, a expressão “também traz desafios”. Por exemplo, em princípio, a taxação de 10% das exportações brasileiras PODE ser bom para nosso agro. Mas também “traz desafios”. Quais seriam eles, exatamente?

No frigir dos ovos, “desafios” significa em bom português que podemos nos ferrar, meio que enfatizando o tamanho dos pepinos que nos esperam. A reação do mundo também “traz desafios”. Europeus e parte dos americanos dizem, sem meias palavras, que o comércio mundial vai se ferrar.
É simples, de certa forma. Trump quer que o mundo bote fábricas nos Estados Unidos enquanto espera o mesmo de investidores americanos. Só que não será do dia para a noite.
Enquanto esse tempo não chega, vão faltar produtos e serviços para os americanos. Imagine quantos empresas americanas e quantos empregos dependem dos carros importados, para ficar só neles.
O enigma dos desafios
Esse negócio de desafios. Quando alguém é despedido costuma dizer para amigos que “está procurando novos desafios”. Conversa… Está é na pior. Agora, se ele diz que os “novos desafios me encontraram” significa que deixou de ser desempregado.

O que eles não dizem é se essa nova empreitada paga menos ou mais que o emprego anterior. Em regra, “novo desafio” paga pouco.”
Quem não faz, leva
Estava conversando com meu dentista sobre o que se passa neste hoje triste país. Ele é da classe média alta e confessou que, em certo momento, ficou assustado com as despesas da sua clínica, até mesmo o custo da água.
Bem vindo ao meu país, eu falei. Neste quadro da minha vida, já não sou mais nem classe média, o que dirá alta. E se tu estás assustado, imagina eu.
Em seguida, trocamos ideias sobre esse nosso pobre Congresso e o mundo politico em geral, ambos assustados com seu alheamento da realidade. “E ninguém parece interessado em fazer alguma coisa”, queixou-se.

Respondi que sim, jornalista há 57 anos, e nunca vi tamanha irresponsabilidade das duas casas, que mais fofoqueiam sobre eles mesmos e acertam patranha orçamentárias. Sim, há exceções. Mas no contexto é assim que elas não funcionam, pelo menos nos rumos políticos do Brasil. Já nem fala da mais alta Corte.
De fato, ninguém faz nada na sociedade civil. E nem fará, salvo o imponderável.
O brete
Segundo o Datafolha, para 23%, ex-presidente Jair Bolsonaro deveria apoiar sua mulher Michelle para disputar a Presidência, e 21%, Tarcísio de Freitas. Para 62% dos eleitores, não deveria disputar o centro real.
Empate. Enquanto isso, a oposição ainda tentava alinhar nomes para a largada.
Se Lula não disputar, a esquerda fica em sinuca de bico. Até lá, o presidente Lula 7 irá distribuindo benesses que aumentarão o buraco do fiscal que pressionará a inflação. Quem ficará numa sinuca de bico desta vez será o povo.
Um jornal começa a morrer dez anos antes.
Pensamento do Dias