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Do passarinho ao galeto  

Pobre quando come galinha, um dos dois está doente. Essa era uma máxima que valeu até o início dos anos 1960.

A galinha era cara, não se comia todos os dias. Cara e dura, por sinal. Então, o melhor era fazer galinhada com horas na panela.

O frango tal como o conhecemos surgiu quando visionários olharam o panorama visto do galinheiro: por que não encurtar o ciclo de criação? Do ovo à galinha se passavam mais de três meses, hoje em torno de 40 dias se tanto. Com a escala, essa proteína animal ficou cada vez mais barata.

O galeto al primo canto surgiu nas regiões da colonização italiana do Rio Grande do Sul, estendendo-se em seguida para as galeterias ao longo das rodovias com maior movimento. Mas por que de uma hora para outra os gringos passaram a comer pedacinhos de osso com alguma carne ao redor? Por causa do fim dos passarinhos, que eles caçavam à exaustão. A passarinhada era o galeto al primo canto de hoje.

Caçavam as pobres aves às centenas e até milhares, podem crer. Depenadas, eram enfileiradas em espetinhos finos ao longo de dezenas de metros de fogo.

Pode parecer cartesiano, mas, com a quase extinção dos pássaros e o terrível desmatamento, terminou a moleza. O que mais se aproximava de uma passarinhada eram os franguinhos adolescentes. O resto dos gaúchos não achava graça em chupar ossinhos. Então surgiu o frango ou galeto como o conhecemos.

Para azar dos franguinhos. Mortos em plena adolescência, com toda uma vida ciscando ao ar livre pela frente.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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