Pobre quando come galinha, um dos dois está doente. Essa era uma máxima que valeu até o início dos anos 1960.
A galinha era cara, não se comia todos os dias. Cara e dura, por sinal. Então, o melhor era fazer galinhada com horas na panela.
O frango tal como o conhecemos surgiu quando visionários olharam o panorama visto do galinheiro: por que não encurtar o ciclo de criação? Do ovo à galinha se passavam mais de três meses, hoje em torno de 40 dias se tanto. Com a escala, essa proteína animal ficou cada vez mais barata.
O galeto al primo canto surgiu nas regiões da colonização italiana do Rio Grande do Sul, estendendo-se em seguida para as galeterias ao longo das rodovias com maior movimento. Mas por que de uma hora para outra os gringos passaram a comer pedacinhos de osso com alguma carne ao redor? Por causa do fim dos passarinhos, que eles caçavam à exaustão. A passarinhada era o galeto al primo canto de hoje.
Caçavam as pobres aves às centenas e até milhares, podem crer. Depenadas, eram enfileiradas em espetinhos finos ao longo de dezenas de metros de fogo.
Pode parecer cartesiano, mas, com a quase extinção dos pássaros e o terrível desmatamento, terminou a moleza. O que mais se aproximava de uma passarinhada eram os franguinhos adolescentes. O resto dos gaúchos não achava graça em chupar ossinhos. Então surgiu o frango ou galeto como o conhecemos.
Para azar dos franguinhos. Mortos em plena adolescência, com toda uma vida ciscando ao ar livre pela frente.