Desde que os debates no Congresso Nacional passaram a ser exibidos, o povo em geral abandonou o respeito remanescente que tinha pelos políticos. Não tem como você respeitar alguém e a própria liturgia do cargo quando parte para a ignorância verbal e para o próprio desforço físico. Mesmo quando muito admirado, ninguém resiste à rotina parlamentar. Vistas de baixo, as túnicas deles não raro mostram cuecas sujas.
Daí que a política parlamentar tupiniquim é a única ou uma das únicas que mistura tratamento respeitoso com palavreado chulo. Há alguns anos eu ainda tinha um arquivo pret-a-porter de insolências ditas em plenário, mas por um desses desastres naturais – eu ainda acho que são os gnomos – perdi o valioso acervo. Mas tenho alguns de memória, embora não lembre a data nem os autores – ou seriam atores? – e a casa parlamentar.
Um deles aconteceu em uma Câmara de Vereadores nos anos 1970. Digladiavam um vereador governista e outro oposicionista, quando um deles puxou uma ofensa aguda da algibeira.
– Vossa Excelência é um grande filha da puta!
Como se vê, não teve atenuantes. O cara foi da primeira à quinta marcha sem passar pelas anteriores. Aturdido, e pasmo com a virulência do ataque, o edil atingido sacou do primeiro .45 que tinha à mão.
– E Vossa Excelência é…é…corna!