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Como era bem tirado meu chope

Os bar-chopes, dos anos 1960, foram exterminados pela falta de estacionamento. O Centro Histórico de Porto Alegre abrigava um bocado deles. Basicamente, chope, sanduíche aberto, alguma especialidade da casa, tipo bistrô de hoje.

Cada um deles abrigava fregueses cativos e flutuantes. Os primeiros tinham o direito de ficar bêbados de vez em quando. Mas sem muito fiasco. Os forasteiros não tinham esse direito, onde já se viu.  O proprietário pilotava as torneiras do chope e o auxiliar paleteava barris cheios e vazios.

Bar-chope não era lugar de namoro explícito, era lugar de respeito. É bem verdade que algumas māos viajavam por cima da  mesa. Mas um deles encontrou uma alternativa. Foi  o Gilbert ‘s, na Salgado Filho, quase esquina Marechal Floriano.

Na sobreloja havia um reservado à meia-luz, ideal para quem quisesse dar uns amassos. Aí, sim, as mãos podiam viajar por cima para aterrissar abaixo da mesa.

O garçom Luiz dava conta sozinho do recado, um prodígio de eficiência. Os proprietários eram dois espanhois. O Gilbert ‘s foi o único bar-chope em que o prato mais pedido era salsichas tipo Frankfurt pequenas com pão preto. Nada mais comum, nada mais reconfortante.

Perto dele estava outro bar, cujo dono caiu no conto do Revendedor Ford Mustang em Laguna. Mas essa já é outra história.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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