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Calendário próprio

Porto Alegre funciona de acordo com um calendário próprio. Do dia 30 do mês anterior até o dia 15, dependendo se este cai em final de semana ou não, tudo flui bem. Isto é, gente e trânsito.

Depois desse dia, pouco a pouco, o fluxo de ambos diminui, há menos filas. Restaurantes, especialmente os bufês, têm menos movimento.

Este quadro vai até o dia 27 ou 28. Depois, acelera e, até o dia 10, dá para dizer que é uma cidade plena. Claro que ainda temos o fator ressaca da enchente. Mas a tendência é essa. Inclui a diminuição de apostas nas Loterias da Caixa.

Qual o motivo?

O dinheiro. O vil metal anda tão curto. Pois, ano após ano, a renda vai diminuindo. Enquanto as despesas vão aumentando.

Salários solapados pela inflação e sobretudo custo de vida, que sempre é maior que o IPCA. É uma combinação perversa que explica inclusive os menores prêmios das loterias, mesmo acumuladas. Então vem um milagre.

A virada do cartão

O consumidor costuma agendar o vencimento do cartão de crédito para o dia 30. Isto significa que, se fizer compra depois do expediente bancário, o vencimento é jogado para o mês subsequente. Por isso, lugares como o Mercado Público têm vendas aumentadas assim como as loterias.

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Entre os dias 5 e 10 são pagos a maioria dos salários. Então a roda dos gastos gira a milhão. A alegria dura pouco, porque a magreza da renda vem logo ali.

O sucesso do Nego Di

O jornal Zero Hora coloca o nome do cantor canoense e de sua mulher todos os dias. O que já vem ocorrendo há pelo menos duas semanas.

Acontece que ele é investigado por supostas fraudes em que lesa consumidores e fãs. Achei curioso, mesmo que ele seja uma figura popular para a periferia e classes D e E, que lotam os locais onde ele se apresenta. Embora os estacionamentos no entorno tenham vagas de sobra, o que explica que seu público não tem ou tem poucos carros.

Barriga da cobra

Os de fora desse público-alvo que já viu seus shows nas redes sociais garante que o nível é baixo, nada que atraia a classe média. É mais um que, por uma sequência de fatores, o guindou para sucesso de público, seja ele qual for.

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Não quero ser preconceituoso, acho que cada um, cada um. Entretanto, não me convidem para vê-lo em ação. Ocorre que as emissoras de televisão têm programas semelhantes e com nível mais baixo que barriga de cobra.

São deprimentes, linguagem chula, mulheres com linguagem corporal de apelo sexual. Para resumir, chinelagem. Até a Globo entra nessa. A ordem é faturar.

A extinção da classe média

Estamos assistindo ao declínio da antiga classe média. No governo Dilma Rousseff, a classe média, para efeitos de programas de governo, era aquela que ganhava R$ 3 mil mensais ou mais. Ora, sabemos que com este dinheiro você não vive bem, vegeta bem.

Nos anos 1950 a 1980, a classe média-média vivia muito bem, e mesmo a classe média-baixa se virava nos 30. Classe A nem se fala.

Trocava de carro a cada ano. Enquanto a B trocava de três em três anos anos, tinha TV colorida, ar condicionado e lavadora de roupas.

Custos extras

Com o tempo, estes itens de consumo tiveram redução de preços porque houve escala que a justificasse. Em compensação, os custos mensais fixos deram um salto a partir de meados dos anos 1980, com banda larga, celular, computador, essas coisas que parecem baratas mas não são.

Verdade que roupas chinesas e de países asiáticos baratearam. Então, a qualidade foi pro beleleu. Lembro que o condomínio que eu pagava nos anos 1960 era baixo. No entanto, aos poucos, veio portaria eletrônica, segurança e outros cuidados a ela ligados.

Morei em prédios que nem porteiro ou portaria tinham, com um detalhe que deve espantar hoje: a porta do edifício só era chaveada à noite, de dia ficava aberta. A explicação é óbvia, a criminalidade era baixa e a bandidagem se concentrava em outros delitos. Hoje, deu mole e eles levam até vaso de flor.

Banrisul e BRDE

O governo do Estado e o Banrisul criaram uma linha de crédito especial, com juros subsidiados, para apoiar a retomada de microempreendedores individuais (MEIs), microempresas e negócios de pequeno porte afetados pelas enchentes, o Pronampe Gaúcho. Serão R$ 250 milhões em financiamentos, dos quais 40% (R$ 100 milhões) serão subvencionados pelo Estado.

Na mesma toada, o BRDE disponibiliza R$ 325 milhões para retomada de setores atingidos pelas enchentes. A prioridade será atender permissionários do Mercado Público e da Rodoviária de Porto Alegre, além de comerciantes da Ceasa-RS, empresas do 4º Distrito e segmentos de bares e restaurantes.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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