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A expulsão de Paixão Côrtes

O zootecnista, pesquisador e folclorista Paixão Côrtes era meu amigo, amizade fortalecida por um comercial que ele protagonizaria, nos anos 1970. Apesar de todo o seu conhecimento das coisas gaúchas, queriam a sua expulsão.

Paixão Côrtes é fotografado por JOão Mattos

Paixão foi ator de comercial de uma marca de café solúvel, a Dínamo, em que aparecia pilchado e exclamando “Chega de café de chaleira!”. Não foi à toa. Paixão provou que o café em que se mergulha um tição para a borra assentar no fundo, era invenção turca há séculos.

Foi um Deus que nos acuda. Grupos formados por fundamentalistas guascas foram a Palácio pedir que o governador Euclides Triches expulsasse o pesquisador do estado. Vocês leram certo. Queriam expulsá-lo do Rio Grande do Sul. Pleito obviamente ignorado por Triches.

Isso foi em 1973. De lá para cá, o fundamentalismo ganhou corpo mesmo fora dos centros tradicionais de gauchismo exacerbados.

O fato é verídico e dou fé. E, se não acreditarem em mim, perguntem para o Paixão, que, nas pesquisas, nunca pregou prego sem estopa. Tudo que descobria filmava em filmadora Super 8 e ainda gravava em áudio separado.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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