O zootecnista, pesquisador e folclorista Paixão Côrtes era meu amigo, amizade fortalecida por um comercial que ele protagonizaria, nos anos 1970. Apesar de todo o seu conhecimento das coisas gaúchas, queriam a sua expulsão.
Paixão foi ator de comercial de uma marca de café solúvel, a Dínamo, em que aparecia pilchado e exclamando “Chega de café de chaleira!”. Não foi à toa. Paixão provou que o café em que se mergulha um tição para a borra assentar no fundo, era invenção turca há séculos.
Foi um Deus que nos acuda. Grupos formados por fundamentalistas guascas foram a Palácio pedir que o governador Euclides Triches expulsasse o pesquisador do estado. Vocês leram certo. Queriam expulsá-lo do Rio Grande do Sul. Pleito obviamente ignorado por Triches.
Isso foi em 1973. De lá para cá, o fundamentalismo ganhou corpo mesmo fora dos centros tradicionais de gauchismo exacerbados.
O fato é verídico e dou fé. E, se não acreditarem em mim, perguntem para o Paixão, que, nas pesquisas, nunca pregou prego sem estopa. Tudo que descobria filmava em filmadora Super 8 e ainda gravava em áudio separado.