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A conspiração de papel

Como diz o antigo ditado, por que me odeias se não te fiz bem? O agradecimento por bondade feitas geralmente rende desilusões a quem a fez.

Foi mais ou menos o caso de um ás da comunicação, e digo mais ou menos porque no decorrer da bondade houve um episódio inusitado. Nosso homem era daquelas pessoas que todo mundo conhece e calhou de outra pessoa que todo mundo conhece lhe pedir um favor. E que favor.

Logo que o Chevette foi lançado, representava uma andar superior ao velho e bom fusca. Sua reputação o precedia naqueles tempos de poucas marcas e ruas de sobra.

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Pois era esse o desejo de consumo da outra pessoa que todo mundo conhecia. Certo dia, ele procurou o amigo para pedir algo que até para irmão se titubeia, ser avalista na compra de um Chevette zero bala. E ele não sabia dizer não.

A financeira também conhecia o homem que todo mundo já tinha pelo menos ouvido falar. Para resumir, era tão pontual como um relógio parado.

O gerente foi claro. Só autorizaria a operação se ele tivesse um avalista tão bom que nem o pecado original tinha, o oposto do outro.

Foi assim que os dois se relincharam certa noite na casa deste. No sofá ao lado, a esposa estava vendo televisão. E era muito bonita, dessas de virar a cabeça de homem. Entrementes, os dois acertaram os detalhes da papelada.

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Como tinha toda uma papelada a providenciar, negativas, declaração de bens, registro de firma, xerox do extrato da conta, o fiador resolveu entregar tudo à prestação, só para ver novamente a bela mulher que sempre estava assistindo televisão. Ela e sua formosura.

Nestas idas e vindas, a mulher do amigo fez olhinho. Não havia dúvida, era olhar de desejo. E foi assim que, um dia, ela parou de olhar televisão para olhar o teto do quarto do motel.

O financiamento saiu, o Chevette veio e tudo estava na Santa paz. Até que o avalista recebeu carta da financeira. Nenhuma prestação fora paga.

Trêmulo, foi à casa do amigo mostrar a arca de cobrança. O devedor nem se deu ao trabalho de ler. Apenas desviou um olho para a mulher vendo televisão e disse uma só frase:

– Quem janta paga a conta!

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O bondoso avalista entendeu o recado. Saiu de lá com a carteira destroçada. Vagueou pelas ruas e acabou em um bar, onde encontrou um amigo comum.

Contou-lhe o triste causo, que ficou ainda mais triste quando ele ouviu a real, conhecedor que era das manhas do devedor. A realidade destruiu também sua autoestima.

Fora tudo premeditado. Mulher, TV, sofá, motel.

Sucesso absoluto

 Após o ato histórico promovido pela OAB/RS na última terça-feira (28) contra dispositivo da Resolução 591/2024, que restringe direito de sustentação oral, e ofício enviado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul sobre a aplicação da resolução, o ministro Luis Roberto Barroso suspendeu, na noite de quarta-feira (29), os prazos de implementação da normativa para diversos órgãos do Judiciário. 

O presidente da OAB/RS, Leonardo Lamachia, destacou: “Ganhamos tempo. É um primeiro passo. Mas não resolve por completo a situação como buscamos e como merece a advocacia e a sociedade. Seguiremos na luta pela revogação do dispositivo da resolução que limita o direito de sustentação oral.”

Saiba mais clicando aqui.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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