A imagem de arquivo da Varig mostra como era o antigo aeroporto de Porto Alegre, idos de 1930. Ainda era Aeródromo de São João, à direita da pista atual. Em primeiro plano, um biplano – sobra da I Guerra Mundial.

Voar era chique e, às vezes, perigoso, porque não havia radar nem instrumentos para pouso e decolagem. Uma coisa que existe até hoje é a biruta para ver direção e velocidade (forte ou fraco) do vento. Isso porque pousos e decolagens sempre têm que ser contra o vento para diminuir a distância da rolagem na pista.
Nos meus tempos de aeroclube, usava-se um sistema infalível caso não existisse a biruta em pistas improvisadas do interior. Molhava-se o indicador com saliva e apontava para o céu. Faça isso e verá que o sistema funciona muito bem.
Há várias histórias sobre o tempo da aviação heroica. Uma delas aconteceu em 1923, quando a Brigada Militar comprou dois aviões. Agora imagine o São João em direção ao rio Gravataí. Era puro mato, macega e charco.
Por esta época, o movimento anarquista ainda tinha relativa expressão. Então, dois militantes resolveram explodir um dos aviões recém comprados. Para isso, construíram e armaram uma bomba relógio com prazo de duas horas para explodir, e foram em busca do alvo de madrugada protegidos pela escuridão.
Ocorre que desconheciam o intrincado terreno, e levaram um tempão para atravessar a área. Com zero visibilidade, a hora marcada se aproximou. Então, os anarquistas deixaram a bomba no chão para evitar que explodissem junto com ela.
Minutos depois ela fez BUM! e o barulhão alertou os brigadianos que montavam guarda no avião. Encurtando o causo, foram presos.
A moral da história é um dos segredos das guerras vencidas: conheça bem o terreno do inimigo antes de se aventurar nele.