Infelizmente, o jornal Diário Popular, de Pelotas RS, exalou o último suspiro. Foi de suprema importância para todo o Sul do Estado, uma referência na imprensa gaúcha e um dos mais antigos, com 130 anos de estrada.
A versão digital também morre junto. Sinto uma pontada de dor quando vejo um jornal impresso desaparecer. Para mim, o impresso fica, áudio e vídeo vão para o espaço em segundos. A História sempre será contada por letras impressas.
Dos antigos, restam a Gazeta de Alegrete e o Matusalém dos periódicos, O Taquaryense, com 137 anos. O jornal da cidade de Taquari ainda usa equipamentos que datam da sua fundação, inclusive utilizando letras inspiradas na art noveau (título da matéria à esquerda), movimento estético que começou na França por volta de 1890 e adentrou o século XXX. Longa vida pra ti, querido Taquaryense.
No tempo do seu Álvaro
Caminhando pela rua Marechal Floriano, no Centro Histórico de Porto Alegre, deparei-me com este estabelecimento chamado Portugália, que me remeteu aos anos 1960. Fazia parte de um bar chamado Montanhês, cujo dono era um português, Álvaro Monteiro.
Bebia-se muito uísque então, e o Montanhês tinha um bom estoque de legítimos uísques escoceses, caros para meu bico, a não ser quando saía o 13º salário. O Álvaro ficou meu amigo e posteriormente comprou o Bar e Rotisserie Pelotense (reparem o nome chique), na rua Riachuelo, depois vendido para seu João Mariano.
O desaparecimento do seu João
A (ou o) Pelotense funcionou até meados dos anos 1980. Certo dia, seu Joao disse para a moça do caixa, Fifa, que iria ao dentista. O que ela entendeu, porque ele colecionava ouro nem que fosse de dentista. Ou seja, de baixa qualidade, mas nem por isso barato.
Nunca mais voltou, para desespero da Fifa e dos garçons Elpídio e Hugo. Pensamos que pudesse ter sido sequestrado, assaltado, coisas ruins assim. Mas não foi nada disso.
Consta que ele foi visto em cidade do Centro Oeste já com nova profissão, a de pastor que usava ervas para curar doenças. No fim, é a velha história, tudo é natural, inclusive o sobrenatural.
Ambulantes que não ambulam
Para quem conheceu o Centro Histórico da capital gaúcha, em especial a Rua da Praia ou dos Andradas, sente um nó na garganta quando vê a decadência de toda a área central. Tomada por camelôs e ambulantes que não ambulam, hoje é uma mistura de poeira e abandono. Isso independentemente da enchente.
Crianças, eu vi casais irem ao cinema sábado à noite e depois olhar vitrines das lojas de grife para decidir o que comprariam durante a semana. O bairro era cheio de vida até altas horas da noite, multidões à procura de tudo ou de nada.