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Um século e lá vai pedrada

Ei, ei, minha voz continua a mesma, mas meus cabelos…Este comercial dos anos 1970 ficou famoso por causa da fala inusitada e um roteiro fora da curva.

Pois hoje posso dizer o mesmo. Eu e meu dileto amigo Vitório Gheno, 101 anos.

A imagem é do Z Café, da Padre Chagas, onde eu e amigos nos reunimos aos sábados para salvar o Brasil, jogar conversa fora e rir bastante. Não necessariamente nesta ordem.

Foto: Z Café/Divulgação

Gheno é artista plástico, viveu intensamente, já morou em Paris e também foi jornalista na Revista do Globo, fez ilustrações para a Varig e desde sempre joga golfe, que eu reputo como parte da explicação para a longevidade. 

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Duas gerações

Na esquerda está um jornalista de 81 anos, que, por acaso, sou eu. Ao meu lado, o artista plástico Vitorio Gheno, com prestigiados 101 anos. É uma das joias humanas de Porto Alegre esse meu amigo, que sempre me procura para um lero no Z Café da Padre Chagas. Jogou golfe a vida inteira, que é um baita de um exercício. Morou em Paris, foi jornalista, ilustrador da Varig e outros trabalhos. No meio, Gil Kurtz, consultor.

A era dos esquecimento

É a que estamos vivendo. Entre outras atrocidades, o fato da agitada vida moderna nem mesmo permitir que se cozinhe as refeições ao meio-dia levou uma massa gigantesca de mulheres a comer comida pronta ou de fora. As receitas da vovó entraram nesse sumidouro e boa parte se perdeu para sempre.

https://conteudos.senairs.org.br/brasil-mais-produtivo?gad_source=1&gclid=CjwKCAiAyJS7BhBiEiwAyS9uNUBTDueLOnnRU_qR_P_Pc93axdsBAv5EKF3tbgGm2LrHKrGOBA9fTBoC0HsQAvD_BwE

Além disso, o fato desta era do esquecimento também contemplar o desaparecimento de uma gaveta de memórias, na qual se guardava lembranças longínquas, ter sido esvaziada por falta de uso, empobreceu a comida antiga. Menos mal que cozinheiras profissionais a resgatem em programas de TV. Mas, como sempre, há um porém.

A mão da pilota do fogão, em que a sequência de adição de ingredientes é fundamental devido à química dos alimentos. Botar ovos ou sal ou temperos antes ou depois de um processo de cozimento é um dos tantos exemplos.

Nada muda

Sou do tempo, nos anos 1960, do “mosquitinho” (pequenos textos batidos à máquina com laudas com papel carbono). Era nosso twitter. Já o mimeógrafo a álcool, nosso e-mail.

https://cnabrasil.org.br/senar

Nada mudou, no fim das contas. Só a tecnologia. Ou, como disse Tomasi di Lampedusa no seu livro O Leopardo no século XVIII, tudo tem que mudar para continuar a mesma coisa.

Histórias do Vale do Caí

Do jornalista Renato Klein, do jornal Fato Novo

“No município de Pareci Novo existe a localidade chamada Despique. No idioma português, esta palavra era usada antigamente com o mesmo significado de vingança.

Certa vez, perguntamos a um antigo morador do lugar qual era o motivo de haver sido dado este nome ao lugar. Esperávamos que ele nos narrasse alguma história de vingança ali ocorrida no passado.

Mas o ancião nos disse que ali três piques (caminhos abertos na mata) se encontravam, formando uma encruzilhada. Por isto, antigamente os colonos chamavam o lugar de Três Piques. Com o tempo, no entanto, o nome acabou mudando para Despique”.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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