Passei de relancina no Bar Tuim, na subida da rua General Câmara de Porto Alegre, e lembrei de antigos frequentadores, entre eles o luso-brasileiro Davide Quintans. O Quintans dirigiu alguns filmes nos anos 1970, mas nosso forte eram bares e restaurantes.
O Tuim não foi exatamente a minha praia. Mas subir a lomba íngreme, às vezes, exigia combustível de alta octanagem, o que superaquecia o motor. Descendo por onde se subiu, o radiador exigia alguns chopes para não ferver, de formas que o Tuim cumpria uma função social, como se diz hoje. E mecânica, claro.
Outro freguês assíduo foi o advogado e meu grande amigo A.C. Lafourcade Estrella. Fazia troça com ele, dizendo que a árvore arqueológica dele vem do ano I, quando a Estrella de Belém (com dois eles) guiou os três reis magros para a manjedoura.
Fala-se erradamente em reis “magos”. Mas eles eram magros mesmo, por causa da longa jornada pelo deserto com pouca comida e também pelo peso do ouro, incenso e mirra que levavam de presente para Aquele que nascia.
Criei uma lenda urbana: um dos reis se chamava Gaspar, diminutivo do nome de outro querido amigo, Eugênio Gasparotto. O segundo era o Belchior, cujos descendentes, dois milênios mais tarde, eram proprietários da casa de antiguidades “Ao Belchior”, na Rua da Praia. O último foi o Baltazar, que também, dois mil anos, depois virou nome de avenida em Porto Alegre, a Baltazar de Oliveira Garcia.
Os três acertaram (sem GPS) a rota para a manjedoura graças ao brilho do Estrella de Belém. Te mete!