Um PM falsificado não é tão incomum, por ser um estratagema usado por assaltantes. Mas nos anos 1970 teve um caso. Lembrei dele porque me deram a notícia que morreu o jornalista Moacir Jalowiks, que trabalhou também na Imprensa da Assembleia Legislativa gaúcha.
Pouco antes do final da década, ele comprou um bar na rua Duque de Caxias, imediações do viaduto. Alguns meses depois, o Moacir convidou-me e ao também jornalista Carlos Coelho para conhecer o bar, misto de lanchonete. Pois foi posto em sossego bebendo uma Faixa Azul que ele nos contou da falsificação.
Quase em frente ao bar, fica uma ruazinha que liga a Duque com o finalzinho da Rua da Praia, na Praça do Portão/Annes Dias, trecho na época com poucos prédios residenciais. Não eram nem sete horas da manhã, aparecia periodicamente um guincho e um PM – o trânsito na época era feito pela Brigada Militar. Então começava aquela barulheira de correntes e motor em giro alto para rebocar carros estacionados em fila dupla, maioria moradores dos prédios.
Enquanto isso, o PM fazia aquela figuração de preencher talão de multa. Alertados pelo barulho, moradores desciam sonolentos para evitar que seus carros fossem guinchados.
Solícito, o PM cochichava algo no ouvido deles e, em seguida, rasgava a multa, não sem antes receber algo da mão do morador. Moacir via a cena com alguma frequência. Um dia contou o caso para seu irmão, que era Capitão da BM.
– Impossível – falou o mano. – Brigadiano não sai para a rua antes das oito e meia, nove horas. Deve ser migué.
Quando a dupla guincho-PM apareceu, o Moacir foi conferir a cena mais de perto. Olhou o PM bem de perto. Era mesmo um esquema para tirar dinheiro dos moradores do prédio.
No capacete estava escrito 9º BPM; na ombreira do policial militar, 1º BPM. Avisou o irmão que prendeu os caras. Neste caso, quem cedo madrugou, Deus não ajudou.