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Os gênios incompreendidos

Naqueles tempos, como diz a Bíblia quando começa a narrar um causo, naqueles tempos dos anos 1960, íamos ao cinema ver filme cabeça sem pé nem cabeça no Cine Vogue. Depois, no Cinema 1, na Independência – hoje uma lancheria/restaurante.

Sem entender bosta nenhuma, até porque só o diretor entendia. E, às vezes, nem ele. Dizíamos na saída que o filme era uma merda, mas que o diretor era genial. Genial era mais empregado que o horroroso “a nível de”.

O engajado com pretensão a ser revolucionário sentava na mesa do bar, olha em volta e exclamava: “genial!”. Qualquer coisa hermética que se assistia ou se lia era genial! 

Saáa uma música de um compositor engajado e, de acordo com a massa, com ou sem ovos, e lá vinha o “genial!”. Ouvia–se qualquer um de esquerda criticar o capitalismo e se dizia: “genial!”. Um dia, perguntei a um dos geniosos se ele sentava no vaso e, minutos depois, olhava para baixo exclamava genial!

De lá para cá, evoluímos muito pouco.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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