Naqueles tempos, como diz a Bíblia quando começa a narrar um causo, naqueles tempos dos anos 1960, íamos ao cinema ver filme cabeça sem pé nem cabeça no Cine Vogue. Depois, no Cinema 1, na Independência – hoje uma lancheria/restaurante.
Sem entender bosta nenhuma, até porque só o diretor entendia. E, às vezes, nem ele. Dizíamos na saída que o filme era uma merda, mas que o diretor era genial. Genial era mais empregado que o horroroso “a nível de”.
O engajado com pretensão a ser revolucionário sentava na mesa do bar, olha em volta e exclamava: “genial!”. Qualquer coisa hermética que se assistia ou se lia era genial!
Saáa uma música de um compositor engajado e, de acordo com a massa, com ou sem ovos, e lá vinha o “genial!”. Ouvia–se qualquer um de esquerda criticar o capitalismo e se dizia: “genial!”. Um dia, perguntei a um dos geniosos se ele sentava no vaso e, minutos depois, olhava para baixo exclamava genial!
De lá para cá, evoluímos muito pouco.