O falecimento do ex-apresentador do Jornal Nacional Cid Moreira me deixou triste e nostálgico. Durante décadas, ligava na Globo para vê-lo apresentando as últimas do mundo. Não lembro de vê-lo dar uma rateada.
Como curiosidade, naquele tempo, não havia luz fria nos estúdios. Então, ele usava paletó, camisa social e… bermudas. A nostalgia fica por conta que, na era Cid Moreira e Roberto Marinho vivo e forte, dava gosto ligar na Globo.
Hoje, o ranço ideológico da emissora é tão intenso que o prazer já não é meu.
A Vênus platinada
Assim era chamado o prédio da Globo, por causa do exterior metálico-prata. Era garantia de bons telejornais, dava gosto de assistir ao Fantástico. Já a novela das 9 esvaziava as ruas e enchia as casas.
“O Bem-Amado“, com o realismo fantástico do homem cujo nariz vertia formigas, a mistura das realezas do tempo dos Luíses franceses misturado com a transposição repentina para os tempos atuais com sambas-enredo na “Que Rei sou eu?” e “Saramandaia”. Gente, isso sim é criatividade.
O filão foi aberto com a escrachada novela “Beto Rockfeller” na TV Tupi. E o que dizer dos programas de humor de alto nível de Jô Soares e Chico Anysio? A emissora do doutor Roberto era admirada e respeitada. Hoje, boa parte da população torce o nariz quando se fala nela.
A queda do império marinho
Com o correr do tempo, a Globo foi entrando na posição de mais do mesmo. Temas sociais introduzidos nos capítulos foram corpo estranho no desenrolar das tramas. A ironia é que apesar desse apelo a audiência não aumentou, ao contrário.
Com a chegada da TV paga, a maionese desandou de vez. Ligar para ver comerciais embutidos em programas medíocres foi fatal para a TV aberta. O que os atuais dirigentes deviam se perguntar é exatamente o título de um dos seus sucessos: que rei sou eu?