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O ciclista que pegou fogo

 Já contei aqui que ninguém passa pelo jornalismo incólume. Em algum momento ou momentos, a gente vacila e não faz a coisa certa. Mas não serei só eu no Dia do Juízo Final, não senhor.

O meu primo Rui Pedro Selbach, titular do Cartório de Notas de Três Coroas, vai ser chamado para se explicar. Ele me causou um dano terrível.

O horror, o horror que foi naquela fatídica manhã no início dos anos 1950 em São Vendelino, onde nasci. Para resumir, ele me ateou fogo, acreditam?

Conto o causo como o causo foi. Pedalávamos nossas bicicletas rumo ao Grupo Escolar, quando atravessamos uma pequena ponte. Ao lado, frondosos arbustos carregados de frutas vermelhas eram empurrados pelo vento. O Rui então desceu da bike.

– Primo, quem sabe vamos comer algumas pitangas?

Não precisou falar duas vezes, porque é a fruta da minha infância. Subi no selim para alcançar as frutas e, de imediato, enfiei um punhado na boca. Foi assim que meu primo me incendiou.

Era pimenta. Da braba.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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