Na metade dos anos 1970, a VW do Brasil lançou o Passat, um carro que quebrou a mesmice dos motores de baixa potência e refrigerados a ar da marca. Tinha linhas modernas, uma boa dose de cavalos (para a época), veloz e boa aceleração e retomada. Caiu no gosto popular.
Por volta de 1975, a frota desses carros na cor bordô era muito grande. Era como se tivessem faltado tintas de outras cores.
Parênteses: a VW alemã gostava ou ainda gosta de batizar seus carros com nomes de ventos que sopram em regiões como o Saara e países vizinhos e rumam para a Europa, e o Passat era um, daí o Golf (do Golfo Pérsico) entre outros. Fecha.
Estes carros na cor bordô passaram a ser chamados de iraquianos e por uma boa razão. Em um escambo planejado pelo governo, a montadora e a Petrobras, houve uma maciça exportação dos Passat fabricados no Brasil para o Iraque. A contrapartida era a boa vontade do país árabe para com a Petrobras, que era dona de um campo petrolífero chamado Majoon.
Foi um mau negócio. Isso porque o campo ficava em uma região chuvosa, e a quantidade de óleo extraído não compensava o investimento.
Não só. Quando os automóveis brasileiros chegaram no Iraque, o governo ficou uma arara. É que a cor bordô não é bem vista por lá.
Então eles tiveram que ser transportados de volta e desovados no mercado brasileiro. E quem os comprou, fez um ótimo negócio.
Para suportar as altas temperaturas, o radiador era maior e com refrigeração mais eficiente. Também por causa das estradas ruins a suspensão era reforçada.
Que eu lembre, foi a primeira vez, e provavelmente a última, em que a ponta de estoque era melhor que o original.