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O grande circo dos horrores 

Estava posto na minha cama no hospital, onde fui fazer cateterismo, quando o vizinho de quarto ligou a grande TV para ver o jogo Corinthians e Palmeiras. Como não sou muito ligado em futebol, vi a partida de sangue doce, até que a violência irrompeu. Rojões atirados nos jogadores, um mar de cascatas coloridas acendidas pelos torcedores, e pontapés, além de outras brutalidades entre os jogadores.

Isso durou cerca de 15 minutos, jogo interrompido e recomeçado, cartões amarelo e vermelhos até para os dirigentes, nas casamatas que deixaram para invadir o campo. Parece comum e normal no futebol.

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Mas quando as câmeras davam closes nos rostos dos atletas o que se via era puro ódio. Durante a batalha campal, comecei a refletir que o que eu estava vendo era um microcosmo do mundo atual.

O que vi não foram torcedores, jogadores e dirigentes. O que via eram selvagens cães de guerra em combate. No dia a dia, vemos cães selvagens jogando filhos vivos de pontes, mulheres envenenando familiares, estupro de criancinhas, conflitos de trânsito que acabam em morte por banalidades.

E o que a mídia como um todo registra, vira espetáculo para atrair publicidade. A morte e a violência são grandes corretores de publicidade.

Por isso, que mortes de famosos são espichadas por dias, meses, para faturar. Assim como as lavadeiras torciam roupa para escorrer água. Mas, no caso, é para escorrer dinheiro. Vide Ayrton Senna.

www.brde.com.br

Findo o jogo, abri a Zero Hora na página de esportes para ver como abordaram estas tentativas de homicídio. Pois trataram como algo normal, o repórter citou os rojões en passant, nem falou do mar de cartões e se limitou a escrever quem foi melhor e como eles jogaram.

Ou seja, como se estivesse descrevendo a receita de um bolo. Então uma certeza ficou mais cristalina: se a Humanidade está doente, a mídia também está doente, na maior parte. Mostram como acontece uma briga entre selvagens cães de guerra.

Lembro de uma época em que os editoriais dos jornais faziam campanhas contra a violência no futebol. Havia um sentimento de horror face a tamanha brutalidade. No entanto, isso foi há muito tempo.

Hoje, os editoriais são textos em que a maior expertise é ficar de bem com todo mundo, consubstanciada na tola expressão “há que ter bom senso”. Que bobagem pedir bom senso quando não há nenhum.

https://cnabrasil.org.br/senar

Cada vez mais entendo pessoas e grupos que largam empregos e se refugiam no mato sem nenhuma tecnologia, celular, TV, jornais e computadores para viver ou tentar viver uma vida simples. No meu caso, gostaria de barulho de regato, o canto do grilo e uma lua cheia.

Efeito contrário

Querem ver um puxador feliz? Publiquem a foto da sua obra nos jornais. Sua glória é ver sua porcalhada na mídia. Eu não publico mais.

Duplas caipiras

O Brasil sempre teve duplas caipiras ou sertanejas com nomes invulgares. Tivemos os famosos Tônico e Tinoco, Cacique e Pajé, Caim e Abel, Milionário e José Rico, Zé Carreiro e Carreirinho, Liú e Léo, e a mais antiga, Lourenço e Lourival, ainda em atividade.

De uns dois anos para cá, faz sucesso outra dupla, reunida em um só nome: a dupla Janlu. Ao contrário das citadas, esta desafina e já teve melhor relacionamento. Talvez pela diferença da idade. 

Medos

Os lobisomens têm medo de bala de prata, os vampiros têm medo do Sol e os Homens de Preto de Brasília têm medo de batom.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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