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O dorminhoco

Osório Duque de Estrada, autor da letra do Hino Nacional, era um mordaz adivinho do futuro quando escreveu “deitado eternamente em berço esplêndido”. Não era do tipo “por que me ufano deste país”, ao contrário. Codeloco, como diz meu amigo Toninho.

Companheiros de farra

Por volta do início do milênio, uma liderança rural tentou, por várias vezes, que alta patente do governo se dignasse a lhe conceder uma audiência. Provavelmente, por não afinidade ideológica, por assim dizer, demorou quase o tempo da gestação de um rinoceronte branco, 18 meses.

Quando finalmente seu pleito foi atendido, marcaram o encontro para a primeira hora da manhã. Quando o homem de campo entrou na sala de sua majestade, estavam lá fieis acólitos do governo. Antes que pudesse dizer bom dia, o homem de governo falou.

– Mas que cara é essa? Parece que o senhor saiu agora da Boate Gruta Azul…  

De bate pronto, o visitante despejou a lata cheia de uma vez só.

– Sim, eu saí meia hora depois do senhor.

Esse mundo tá virado

Vi um documentário no Animal Planet em que colocaram um enorme espelho em um zoológico de grande porte para ver a reação da bicharada. O primeiro animal que chegou foi um elefante jovem. Como todo guri, encarou o que achava ser uma ameaça e deu uma trombada no espelho.

Logo depois, vieram felinos, um leão cauteloso com o que via, caminhando pra cá e pra lá. Um tigre desconfiado que cheirou o vidro. E assim por diante.

Depois, pegaram um chimpanzé. O símio olhou, encostou o nariz. Sabem o que fez segundos depois? Encostou a bunda no espelho. Puxa, chimpanzé, até tu?

Dia das lembranças

Quando era pequeno, e depois adolescente, em São Vendelino, adorava fingir trabalhar na roça de um grande amigo dos meus pais, seu Ignácio Schneider e sua dona Idalina. O pai era comerciante e relativamente bem de vida. Ao passo que Ignácio era colono com meros 20 hectares.

Plantava-se de tudo, menos soja ou pouco. A leguminosa ainda não era o xodó que é hoje. Até se dizia que fazia mal para os ossos. Então, era comida para porcos apenas.

https://cnabrasil.org.br/senar

Ao assunto. A família ia quase toda para a roça preparar a terra ou plantar. Eu tentava trabalhar, porque só levantar uma enxada e baixá-la repetidas vezes cansava à beça.

Tinha que ser forte como eles para fazer isso o dia inteiro. De tarde, vinha a hora do fristick, o café da tarde. Como eu gostava dessa hora.

Lembro até hoje do cheiro do pão preto ou pão de milho. Interessante, não é mesmo monsieur Proust?

 Tudo era cuidadosamente embrulhado em uma toalha de mesa. Em um cesto já estava café preto ou com leite em uma garrafa de vidro. Aos poucos, vinha o resto, o pão, schmier de cana-de-açúcar (engrossada com pedacinhos de chuchu ou batata doce), kesschmier (que vocês conhecem como queijo tipo Quark) e uma linguiça caseira de comer ajoelhado.

Alemão gosta da mistura doce-salgado, como os americanos, aliás. Então me preparavam uma fatia grossa de pão cheia de schmier com o kesschmier por cima. Além de um naco de primeira grandeza de linguiça.

Às vezes, vinha torresmo feito em casa, quando se matava o porco. Queria muito comer torresmo. Mas os que eu achei ou não tinha gosto, ou sua ficha corrida não era recomendável.

Rapaz, que refeição. Daria tudo para voltar ao café da tarde do seu Schneider, sentado numa pedra à sombra de uma árvore. Ouvindo o murmúrio do Arroio Forromeco logo adiante.

Palestra no Instituto

No próximo dia 28 de agosto, será realizada a tradicional reunião-almoço do Iargs. O convidado desta vez será o procurador-geral de Justiça do MP, Dr. Alexandre Saltz, que falará sobre “Impactos e Desafios Frente ao Desastre Ambiental do Rio Grande do Sul”.

O evento acontecerá no Salão Germânia, a partir das 12, na Av. Independência, 1.299 – 6º andar.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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