O então governador gaúcho Amaral de Souza (de 1979 a 1983) sacou um alentado maço de folhas de ofício, onde estava impresso seu discurso de inauguração de obra financiada pelo BRDE. Naquele tempo, como hoje, político adorava discursar. Quanto mais longo, melhor.
Cada político tem sua maneira de ler discurso. Alguns anotam só o essencial, outros colocam folhas soltas em sequência de fala ou vão ao sabor do improvido. Pois Amaralzinho, como era mais conhecido, lia uma folha e imediatamente a colocava no final.
Como era longo o discurso, Amaral engrenou a primeira e foi direto para a sexta marcha. Mas deu zebra. A atenta plateia ficou surpresa quando, sem mais nem menos, o governador citou algo fora do contexto.
– Ilustríssimas autoridades, senhoras, senhores, colegas de governo…
Ao passar as folhas lidas para o final, Amaral, de repente, recomeçou a leitura do seu discurso mantendo o mesmo tom empregado na folha anterior como se sequência fosse, não uma parada para saudar os presentes. Malandro nas artes da oratória e da política, emendou:
– Termino como comecei.
Foi muito aplaudido.