Uma coisa que não mudou desde os anos 1950 até hoje foi quando acontece um incêndio “de grandes proporções”. Não tem como inventar muito, porque a emenda seria pior que o soneto. Vez por outra aparece um “inferno” na cidade ou bairro tal.
Por exemplo, imagina dizer que incêndio “gigantesco”, ou algo parecido. Melhor ir direto ao assunto sem quantificar as tais proporções. Em tese, a foto deve falar por ele.
Sobre incêndio tenho um belo causo. Em 1972, quando eu editava a parte do mercado de capitais da Economia na ZH, acompanhei com interesse os colegas da reportagem policial recebendo e disparando telefonemas para o correspondente em Bagé sobre um grande incêndio que começou no meio da tarde e quase destruiu uma cooperativa de carnes.
Era quase hora do fecha e nada de foto. Recorde-se que, naquele tempo, mal e mal engatinhavam as telefotos, que dependiam de sinal digital do telefone.
Fala em “incêndio de grandes proporções” sem fotografia é a mesma coisa que falar da Miss Brasil sem mostrar a foto dela. Então, a turma insistiu que ele mandasse a foto por ônibus mesmo, direto ao motorista, alguém da redação pegaria a foto na Estação Rodoviária.
O cara jurou que a foto era muito boa. Quando ela chegou, já noite alta, a segundos da deadline, queríamos matar o correspondente.
No envelope só havia uma foto. Mostrava um caminhão de bombeiros estacionado na garagem da corporação. Na legenda, lia-se o seguinte: “Na foto, um caminhão dos bombeiros igual ao que combateu o fogo na cooperativa.”