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O caderninho do tio Hugo

Uma das pegadinhas mais cretinas do meu tempo de guri era perguntar para uma pessoa de mais idade qual era a diferença entre um ventilador parado e um homem cansado. É 30, dizíamos em seguida.

Um ventilador parado não venta e um homem cansado se senta. Eu avisei, não avisei?

Mas há exemplos piores. Telefonamos para a farmácia e, engrossando e voz, perguntamos se tinha éter aberto, no sentido de a granel. Sim, era a resposta.

– Então fecha, Se não, evapora!

Olhando com olhos de hoje, acho que merecíamos prisão quase perpétua. Outra besteirada era apertar a campainha das casas, noite alta, e sair correndo.

Recordações são como cenas do passado cujas brumas o vento da memória dissipa. Caso da “venda” do tio Hugo Orth, em Montenegro, armazéns – também chamados secos & molhados. Um dia, entrou um molecote correndo e fez o pedido.

– Seu Hugo, a mãe pediu dois rolos de papel higiênico!

 O dono entregou os rolos, e o fedelho saiu correndo. Tio Hugo deu a volta no balcão e botou as mãos em concha para o som alcançar o guri. Queria saber dele se era para botar a despesa no caderninho do fiado.

 – É para tomar nota?

 O moleque gritou de volta.

– Não, é pra limpar o…

Vocês conhecem a palavra.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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