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O Brasil das maravilhas

O poeta Afonso Celso escreveu, há décadas, o poema cujo início é falado até hoje, “Criança, não verás país nenhum como este!” Mais adiante se lê “olha que céu, que mar…” e deslumbramentos paralelos.

Nos meus verdes anos, achava que ele tinha razão. No entanto, à medida que os anos passaram, coloquei em dúvida esses elogios descabelados. O mar anda muito poluído, assim como o céu. E, na primeira parte, o significado pode ser exatamente o oposto.

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De fato, não há país em que o surreal nos sirva no almoço e no jantar. Tão surreal que até em tentativa de golpe de estado os conspiradores usam táxi.

Tão maravilhoso que jogamos vacinas fora. O Ministério da Saúde confirma que perdeu ao menos R$ 58 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 desde o início da campanha de imunização, em 2021.

O volume de imunizantes perdidos equivale a um valor de R$ 2 bilhões. Nada como um país rico.

A sexta do engano

Black Friday é um nome novo para uma remarcação antiga. Não é incomum que, dias antes desta sexta-feira, os produtos à venda no comércio subam um pouco de preço para cair na real no Black Friday. Talvez pelos tempos bicudos que estamos vivendo, desta vez, os preços realmente caiam.

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Pescaria que resolve

O empresário Geraldo Tollens Link criou o Projeto Pescar há décadas. O princípio é simples: não dê o peixe, ensine a pescar. De fato, por melhores que sejam as intenções, praticar a política do coitadismo só piora o drama social.

Que o digam as multidões de pedintes nas calçadas. E são multidões porque boa parte da sociedade dá dinheiro, o que os desmotiva a buscar um trabalho. De tanto vê-los em ação já posso distinguir, com razoável taxa de acerto, quem precisa realmente e quem é pedinte profissional.

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Os que mais fazem cara de dor são, em regra, os maiores 171. Ótimos atores, sabem como compadecer almas alheias com uma simples cara de dor. Outros apelam para crianças nas sinaleiras e portas de supermercados.

Fique uma meia hora perto deles e verão como ganham mantimentos e dinheiro. As maiores doadoras são mulheres de meia idade. Em compensação, não dão lugar aos idosos e deficientes físicos nos ônibus.

No tempo da vergonha na cara

Houve tempo em que pedir esmola era a suprema humilhação. E cansei de ver homens que realmente precisavam de ajuda se renderem ao inevitável, face coberta de vergonha.

Com o tempo, a vergonha desapareceu. Aliás, vergonha na cara hoje é rara.  

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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