Nos anos 1970, um grupo de amigos meus adentrou um bar metido a besta, em um bairro nobre de Porto Alegre. Começou que o relé do garçom estava colado. Eles pediram chope.
– Não tem, congelou – respondeu o rapaz candidamente.
Só isso já merecia o Guinness. Congelar um barril inteiro de chope é uma proeza e tanto. Pelo menos fora do Polo Norte.
– Como é que é?
– É bem isso, completou.
Então, eles decidiram pela long neck.
– E, para comer, me vê um bauru – conformou-se um.
– Estamos em falta de pão de bauru – respondeu o garçom.
– Então me vê um beirute.
– Estamos em falta do pão de beirute. Pode ser com pão de xis?
Pode, pode, a essa altura podia até ter sola de sapato. Ao fim, chamaram o garçom Flecha Ligeira.
– Vamos querer mais três long necks, e pode fechar a conta.
– Long neck só tem mais duas, pode ser?
Lembra um caso que já contei aqui, um cunhado já falecido que trabalhava na Embrapa de Itabuna, Bahia. Ele e um grupo de colegas gaúchos foram a uma casa com um luminoso de neon onde se lia Frutos do Mar.
Pediram moqueca de camarão. Não tinha. Pata de caranguejo. Não tinha. Qualquer peixe. Não tinha. O que a casa oferece, então?
– Carne de sol.
Pediram destilados. Não tinha uísque, gim, rum, vodka, nada. Estupefatos, os biólogos perguntaram se, pelo menos, tinha caipirinha. O rosto do atendente se iluminou. Sim, claro que tinha.
– Nossa cachaça é de primeira…
O sorriso saiu correndo do seu rosto. Então deu a má notícia.
– Se tivesse limão…