O Zeca a que me referi ontem tem mais um causo notável. Foi nos anos 1960, quando se podia passear na Praça da Alfândega mesmo de noite e até de madrugada sem correr maiores riscos. Ao lado do prédio dos cinemas Imperial e Guarani, na Rua da Praia, essa obra da Caixa que não termina nunca, havia o Matheus, uma padaria/confeitaria/lancheria e comida a quilo. Acreditem, comida a quilo já existia naqueles tempos.
O Zeca tinha um amigo que era baixinho, mas baixinho mesmo. Certa noite, ele o pegou pelo braço e desabafou.
– Zequinha, meu amigo, tu não sabes o tormento que é minha vida por causa da minha altura. É piada, chacota, me chamam de pintor de rodapé, que só sirvo pra tirar penico debaixo da cama, um inferno! O pior é que não tem solução…
Zeca ficou pensativo por alguns metros de caminhada. De repente, estacou e se virou para o desabafante.
– Talvez tenha solução. Já experimentaste aguar os pés?
Aquela noite marcou o fim de uma grande amizade.
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