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Não é bem assim

Às vezes, quando um político demora no discurso e é muito aplaudido não é por causa do teor da fala, mas porque finalmente ele parou de falar.

Deus e o diabo na terra do sol

Como no filme de Glauber Rocha. Não sei porque estão fazendo tanto barulho com a frase do presidente Lula, proferida na inauguração de obra do Rio São Francisco: “Deus deixou o sertão sem água porque ele sabia que eu ia ser presidente da República e eu ia trazer água para cá”.

Pois o ditador da Venezuela Nicolás Maduro não disse que o falecido Hugo Chávez falava com ele através de passarinhos? O Rio Grande do Sul não teve um governador que proferiu uma frase que dá nó na cuca: “As árvores crescem até a altura que atingem”. Tempos depois se redimiu em parte dizendo “O boi é a única mercadoria que se transporta a si mesma”.

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Nosso glorioso e inacabado país de analfabetos funcionais teve outros momentos gloriosos de exageros vernaculares. Quando da década da guerra fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, anos 1950, o Brasil conseguiu sair da II Guerra Mundial com mais reservas cambiais do que antes dela.

Sentado em um monte de libras esterlinas, dólares e outras moedas fortes, o presidente Eurico Gaspar Dutra torrou a maior parte na importação de celuloide, material que parece plástico mas que, como o nome indica, é feito com celulose. Cintos, suspensórios e um monte de inutilidades domésticas usavam este material.

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Para piorar, trocou a enorme soma que a Argentina devia para o Brasil por uma mansão. Aquela em que hoje é a Embaixada do Brasil em Buenos Aires.

Naquela década, também nosso subdesenvolvimento já era preocupação nacional. Contam que um senador mineiro ocupou a tribuna para explicar o que ele achava ser um plano perfeito para sairmos do miserê.

Bastava comprar uma bomba atômica no mercado negro, alugar um avião da Varig e jogá-la no deserto do Moojave, uma imensidão deserta de gente. Irritados, os americanos declarariam guerra ao Brasil, que evidentemente perderíamos.

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Seríamos, então, anexados aos EUA como mais um estado, e adeus à pobreza. Foi então que um outro senador o apartou:

 – Vossa Excelência esqueceu um detalhe. E se nóis ganha a guerra?

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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