O gaúcho sempre foi meio estourado nas relações sociais, especialmente no trânsito. No entanto, a radicalização nas atitudes está piorando em proporção geométrica. Até as respeitáveis senhoras estão apelando para a ignorância manual e oralmente: ou mostrando o dedo do meio ou falando palavrão.
O curioso é que nós estamos importando até essa ofensa dos Estados Unidos. Antigamente, bastava fazer o gesto mudo de fazer um círculo com o indicador e o polegar que significa OK para os americanos e para nós a exposição da retaguarda do corpo humano.
Hoje, ninguém usa mais. Antes, dava briga certa. Há quanto tempo você não o vê? Periga a gurizada nem saber o que significa. Aliança?
Éramos muito ingênuos então. Uma das ofensas era botar a mão na genitália, apertá-la e sacudi-la como se tirasse um bolo inglês da forminha acompanhado da provocação sonora.
– Olha aqui pra ti, ó…
Certa vez, assisti uma cena engraçada. Por coincidência, vinha uma garota atrás do sujeito a quem o gesto queria atingir.
Não tinha como ela não enxergar, então pensei que ela ia abrir o bocão. Que nada. Olhou com desprezo para a parte pudenda do desafiante, os países baixos, e falou curto e grosso.
– Grande bosta!