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Esse é o canal

Não é rio, foi construído. Fica à beira da cidade alemã de Münster e seu nome é Dortmund Emskanal. Tem 223 quilômetros e serve para transportar cargas.

Foto: Vânia Brochier/divulgação

Sabendo-se que o modal fluvial responde por um terço da carga, dá uma ideia dos anos-luz que nos separam, não só da Alemanha, mas de toda a Europa. E nós aqui ainda não desassoreamos e dragamos o canal de navegação do Guaíba desde maio de 2024…

Porto Alegre sitiada

Há bons anos, um amigo me disse que a capital gaúcha era uma cidade encurralada, com poucas opções de saída. No início, achei que ele exagerava. Mas, analisando friamente, tive que lhe dar razão – em termos.

A saída Norte é pela avenida Farrapos e, depois, só há uma ponte sobre o rio Gravataí. OK, tem a Freeway, mas precisa ir até Cachoeirinha para pegar a RS-118 e demandar São Leopoldo e Vale dos Sinos, uma volta e tanto.

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Para o Oeste e Sul temos a BR-290 e BR-116. Entretanto, ambas precisam das duas pontes do Guaíba. E uma delas só foi liberada recentemente. 

Temos a saída para Viamão pelo Leste, pela Protásio Alves e avenida Ipiranga. Só que sem conexão direta para outros pontos cardeais.

A chance de um futuro seco

Nos anos 1967/70, um grupo de engenheiros alemães a serviço do Banco Mundial fez um relatório mostrando a nossa fragilidade logística. E realizaram um vasto e precioso relatório, algo muito além do seu tempo.

Entre outras, sugeriram a continuação da avenida Voluntários da Pátria até São Leopoldo com uma nova ponte sobre o rio Gravataí, uma autoestrada que serviria também como dique para evitar enchentes em Canoas e São Leopoldo. Só saiu do papel a Castelo Branco.

Ao céu voltarás

Já escrevi muito sobre esse presente que caiu dos céus, o projeto dos alemães ligando a Região Metropolitana por uma autoestrada/dique até o Vale dos Sinos. Mas aos céus ele voltou pela falta de vontade política dos sucessivos governos.

www.brde.com.br

Se tivessem sido feitas estas e outras obras sugeridas pelos alemães, as enchentes não teriam ocorrido no bairro Mathias Velho, em Canoas, nem em São Leopoldo. É tudo por fazer nesta terra e, quando surge oportunidade, a jogamos fora.

Onde tudo começou

Na vez anterior que trabalhei para o Jornal do Comércio de Porto Alegre, anos 1970,  houve um daqueles tumultos guerreiros no Oriente Médio. Conversando com um visitante, comentamos como toda a região nunca havia conhecido a paz.

Ele assentiu com a cabeça, e com voz grave discorreu sobre o assunto por um bom tempo. Era do ramo. Tudo começou naquela região, falou, referindo-se às civilizações pré-bíblicas e depois dela.  

“E é lá que tudo pode acabar”, finalizou. Pensei nisso ao ver um novo capítulo de conflitos com potencial destruidor, agora capaz de tornar radioativa uma boa parte do mundo por até milhares de anos..

A palavra da moda

Utilizada pelas redes sociais e mídia em geral é “potente”. Tudo é potente, desde o ataque iraniano às bases militares americanas no Qatar; a gripe que grassa é potente; os temperos de certos pratos da alta gastronomia os torna potentes; e até os textos e comentários nas emissoras de rádio sobre futebol a incluem.

https://cnabrasil.org.br/senar

O início de tudo foi “chute potente”, e depois contaminou os ataques ou a defesa dos times “potentes”. O uso ad nauseam de certas palavras denota pobreza de vocabulário. 

Nos anos 1970, grassou o vírus do “veja bem”, que foi usado até recentemente. É daquelas expressões que vão e voltam. A humanidade é tão previsível, nossa!

Não é coisa nova usar expressões que imediatamente são incorporadas no paiol que estoca palavras dos jornalistas. Em 1972, eu editava a parte de Mercado de Capitais da Editoria da Zero Hora, quando alguém usou o verbo “procrastinar”, adiar.

Um dos repórteres foi incumbido de entrevistar o presidente da telefônica CRT, coronel Nunes Leal, empresa então estatal. Voltou quatro horas depois como uma potente desculpa para a demora.

– Nossa, o coronel me deu uma procrastinada…

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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