Nossa roda de cafezinho no Café Chaves, Rua da Praia, discutia alguns enganos tragicômicos. O melhor deles foi contado pelo Grejanim, causo passado nos anos 1980 quando estreou em Porto Alegre o polêmico filme japonês Império dos Sentidos. Não era pornô, apesar das cenas de sexo, na realidade um drama pungente. Mas a fama se espalhou e caravanas do Interior do RS fretavam ônibus para ver o filme.
O motorista de um desses ônibus, que sabia quase nada de Porto Alegre, seguiu uma cola que lhe deram na cidade de origem, na Serra Gaúcha. Depois de rodar algum tempo, estacionou já de noite na frente de um prédio que estava com as portas fechadas. Esticou a cabeça junto ao para-brisa, olhou o letreiro na fachada e sentenciou.
– É aqui. Império dos Sentidos.
Os passageiros ficaram sentados esperando a bilheteria abrir. Passou-se um bom tempo e nada, todas as luzes estavam apagadas e não havia nenhum sinal de povo fazendo fila para comprar entrada. Passada mais de uma hora, um deles saiu e foi conferir. Voltou furioso.
No letreiro lia-se: Empório dos Tecidos.