Aux armes, citoyens! Às armas, cidadãos, gritavam os franceses antes da tomada da Bastilha, em Paris. Pois eu reinvento a célebre frase com “Às urnas, cidadãos de Porto Alegre”, pois a abstenção no primeiro turno foi recorde.
Vamos precisar de algum tempo para digerir os motivos que a tornaram possível, embora o descrédito com os políticos possa ser uma das causas. Como desastre de avião que não tem uma única causa, mas são uma sucessão de eventos. Vamos ver se a eleição de 2026 mostrará tendência ou foi um episódio pontual e localizado.
O circo
O cansaço com os políticos não é privilégio porto-alegrense, gaúcho ou brasileiro. É mundial e não é de hoje. Desde a antiguidade, sabemos dessa irritação e cansaço. Mas nem por isso virou tendência na eleição seguinte.
A dúvida é se nosso povo cansou de vez ou é fruto de uma sequência de fatos, como a impunidade, corrupção ou ineficiência tanto dos legislativos ou dos executivos. OK, é uma panela de pressão que pode explodir se não fosse a válvula de segurança. Ela pode ser o que os romanos dos césares já chamavam de panem et circenses, pão e circo.
Sobre Oktoberfests
A música Sweet Caroline, de Neil Diamond, tornou-se como um hino oficial da Oktoberfest de Munich. Quando ela toca, todos cantam e a agitação é geral. Estranho como certas músicas transcendem seu propósito e seu público original.
Também acontece o inverso. Nas nossas festas de outubro, as tradicionais bandinhas estão dando lugar a duplas do chamado sertanejo universitário, que não são nenhum dos dois.
Nunca antes
Você que tem mais de 40 anos, tem lembrança de uma campanha tão chocha quanto o segundo turno de Porto Alegre?
Uma peneira chamada conta-corrente
O Brasil teve 13,6 milhões de contas on-line vazadas de janeiro a setembro de 2024, segundo a ferramenta global de monitoramento de violação de dados da empresa de segurança cibernética Surfshark. Até o primeiro semestre, não passava de uma semana sem que a mídia noticiasse que clientes de uma instituição sofreram com esse vazamento e caíram em mãos erradas. Consequentemente, temor de golpes, fraudes e até de segurança pessoal, como sequestros-relâmpagos.
Gringo alemão
Ao saudar o palestrante da Câmara Brasil Alemanha de Porto Alegre, o presidente da entidade, Everson Oppermann disse que Astor Schmitt (meu fiel leitor), que é empresário de Caxias do Sul, era “o mais alemão dos italianos”. Também poderia ser o mais italiano que os alemães.
Astor apresentou-se como imigrante porque nasceu em Vera Cruz, perto de Santa Cruz do Sul. Excelente palestra. Astor é fiel leitor meu, e no final contei uma caso que tem a ver porque Caxias do Sul é um polo metalmecânico de primeira.
Erro inicial
Astor, eu falei, sou um alemãozinho de São Vendelino, conheço a tua região e a minha. Nossos antepassados, quando chegaram à Serra, trataram de aproveitar fluxos de água e riachos para construir moinhos, as rodas d’água.
No entanto, os alemães só usavam essa energia para moer grãos. Enquanto os gringos puxaram uma polia e, junto com a moagem, alimentaram forjas para produzir ferramentas agrícolas como enxadas, ancinhos e facões.
Esse começo explica como Caxias tornou-se o maior polo metalmecânico do estado. Neste sentido, fomos muito burros.
Vide a Tramontina de Carlos Barbosa, povoada por gringos a poucos quilômetros de São Vendelino, que começou assim. Hoje vende panelas e equipamentos de cozinha para mais de 200 países.
Ele riu muito, mas vi que ele gostou da explicação. Para Alguma coisa eu sirvo.