Já não se fazem mais formaturas como antigamente. Claro, quando é no curso superior tem aqueles vídeos longos, discursos longos e, não raro, chatos, aqueles guizos falsos da alegria.
Tão chatos que jurei para mim mesmo não ir nunca mais para formaturas e reuniões de condomínios. O que falo é das formaturas do curso ginasial, assim chamado à época.
Normalmente, terminávamos o curso secundário aos 15 anos. Mas a cerimônia começava já na primeira série. Havia o suspense desde o fim dos exames escritos e orais até o anúncio dos que passaram e com qual nota, geral e por disciplina.

Você não podia fazer feio. Como na Fórmula 1, tinha que figurar pelo menos entre os 10 primeiros em classes de 50 alunos, pouco mais ou menos. Melhor se fosse entre os 5, muito melhor se estivesse entre os 3 e maravilhoso quando se era o primeirão.
Eu tinha confiança no meu taco. Então, sempre estava entre os cinco primeiros, com várias notas 10 nas disciplinas.
O que rebentava era Matemática. No dia 8 de dezembro, nós e nossos pais íamos a um salão ouvir as boas (ou más) novas.
O prêmio era uma reles medalhinha de latão, mas com que alegria as pendurávamos no peito. E os pais, nossa, choravam de emoção.
Outro dia, remexi nas minhas coisas e achei duas medalhas. Eram ao portador, então não sei qual disciplina ou ano as recebi. E dizer que aquela singela peça de metal que estava na minha mão foi responsável por momentos de suprema felicidade que duravam por todos os meses de férias.
Eu cheguei lá. Repetia com orgulho e para o orgulho e alegria dos meus pais.
Isso tudo terminou. O orgulho do fazer bem feito evaporou como picolé no Saara.