Na história da concepção do pacote fiscal amarrado pelo governo Lula, pacote que, uma vez aberto, mostrou um imenso vazio, a ideia esdrúxula de colocar nele a isenção de IR para quem ganha mais de R$ cinco mil – misturou laranja com bananas – não foi do ministro Fernando Haddad, foi do próprio Lula. Sabemos que Haddad foi contrário pelo motivo descrito acima. Mas Sua Majestade Lula II não quis nem saber.
E fê-lo por uma simples razão: ele é o chefe e tem que mostrar quem manda no pedaço. Faz parte da rotina dos governantes, assim como seus auxiliares, secretários ou ministros. Sempre começam uma entrevista com “a ideia foi do chefe”, sem que esteja dando uma receita de bolo.
E ai de quem não fizer disso uma prática. Vai entrar na lista dos substituíveis a qualquer hora.
Eu assisto canais de TV europeus há muitos anos e não me recordo que alguma autoridade comece o discurso ou a entrevista anunciando boa nova com essa demonstração de paternidade. Faz parte do culto ao chefe, como se cláusula pétrea fosse.
O papel de Haddad
Uma pesquisa com executivos da área financeira sobre o pacote e suas consequências mostrou o que até um bancário comum sabe, que a montanha pariu um ratinho. O interessante é que 90% criticaram Lula e 41% elogiaram o Ministro da Economia com uma ressalva: os pesquisados disseram que não é ele quem manda.
Como escrevi acima, claro que não manda. Quem manda e sempre deve ser citado é o chefe. Típico de países que ainda não são países de verdade.
Artimanhas da imprensa
Uma das malandragens mais praticadas na imprensa brasileira é colocar meia verdade no título ou na chamada de capa e colocar a outra meia verdade, que explica a primeira, no corpo da matéria. Sabem que o leitor é impactado pela primeira e nem sempre vai para a segunda para então entender o contexto.
Cabecinhas medíocres
Saiu na Zero Hora. O instituto Trends in International Mathematics and Science Study analisou os alunos brasileiros da 4a à 8a séries e constatou que mais da metade deles não conseguem fazer cálculos básicos de matemática e medidas simples. Se fizessem o mesmo trabalho com adultos, o resultado poderia ser igual.
Somos ruins em cálculos e matemática. E não é de hoje. É só ver caixas de supermercados e outros comércios com grande volume de clientes para se espantar como não sabem dar troco de quantias pequenas sem acionar a calculadora.
O pior ainda está por vir. As ferramentas disponíveis na internet e no celular vêm formando multidões de preguiçosos. Depois nos queixamos que falta mão de obra especializada.
Não gosto de evocar o passado. Mas, no ensino médio, as quatro operações: somar, diminuir, dividir e multiplicar eram sagradas. Quantas pessoas sabem de cabeça e em um segundo quanto é 9 x 6, por exemplo? Ou 122 dividido por 2?
E nosso futuro?
Como disse o personagem Habacuc no filme O Exército Brancaleone para Brancaleone, “Vecchio Branca, siamo tutti fudutto”.