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A revolução do xispa

Os ativistas e sindicalistas que estavam nas galerias da Câmara dos Deputados cometeram strip-tease, tirando as roupas e botando a bunda em direção às suas excelências. Aqui e acolá ouvi gente dizendo que ficar pelado não era novidade, mas botar a bunda na janela era algo relativamente revolucionário.
Besteira. Nos anos 1960 essa bundeada era conhecida em Porto Alegre como “xispa”, e só não sei se era termo importado de São Paulo ou de outro estado. Mas muito mais audacioso. O cara sentado ao lado do motorista de um carro, geralmente fusca, tirava as calças e colava a bunda no para-brisa.
Imaginem a cena: pessoas caminhando na calçada e de repente passa um traseiro como se passageiro fosse. O cérebro leva algum tempo até processar a informação, de maneiras que passada a estupefação e a entrada da indignação os moleques já estavam longe.
Exigia coragem, porque a Polícia era acionada em seguida, por isso a audácia geralmente acontecia à noite. Mas houve casos no bairro Ipanema em dias de verão. Quem fizesse isso era chamado de playboy, filhinho de papai, degenerado sexual e por aí afora.
Era o máximo da depravação, punível com o sétimo círculo do Inferno de Dante

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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