Faleceu aos 85 anos o radialista Lauro Hagemann, o famoso titular do Repórter Esso gaúcho durante vários anos, no início dos anos 1960. O Rio Grande do Sul se quedava diante do rádio, então o grande veículo de comunicação social, especialmente nos anos de 1950, para ouvir o Repórter Esso, “o primeiro a dar as últimas”. O locutor, inigualável, era Lauro Hagemann, que era do velho Partidão, o Partido Comunista Brasileiro. Quando deixou a Rádio Farroupilha, coincidiu que a então poderosa Rádio Guaíba de Breno Caldas estava contratando locutores. A emissora não tocava jingles, era um comercial seguido de duas músicas – por birra de um diretor ou gerente, a Guaíba não tocava tangos, vejam só. Lauro entrou na fila dos candidatos. Casualmente, o doutor Breno, como era chamado, passava por ali e perguntou o que ele fazia na fila.
– Vim fazer o teste para locutor, respondeu. Breno Caldas pegou-o pelo braço, tirou-o da fila, e disse-lhe:
– Não precisa testar, estás empregado.
Correto, Lauro, alertou o futuro patrão que era filiado ao PCB. A resposta:
– Aqui serás locutor, e um dos melhores. Lá fora, a tua opção política é problema teu.
Duas pessoas corretas, embora ideologicamente opostas, como diz o jornalista Roberto Brenol de Andrade. A verdade é que até o início dos anos 1980 se fazia política em outro nível.
Os opostos defendiam com ferocidade suas ideias nos legislativos. Porém, findo isso, ambas as partes não se trucidavam como hoje. Por sinal, a entrada do PT no jogo partidário foi esse divisor de águas.
Como epílogo, cá vai este causo. Nos anos 50, um bom vivant chamado Mandico, a quem conheci nos verdes anos do Restaurante Dona Maria, um pândego de primeira, criou um quadro humorístico em uma rádio de Porto Alegre que parafraseava o slogan do Repórter Esso, o Rerpórter Osso, “o último a dar as primeiras”. Teve vida curta. A Farroupilha veio com tudo em cima do Mandico.