A Revista Manchete voltará às bancas em março. A ex-publicação da Editora Bloch, rivalizava em tiragem com a Revista O Cruzeiro, que imprimia um milhão de exemplares por semana.

O Cruzeiro morreu antes, com o esfacelamento do Diário e Emissoras Associados, a Globo da época. A edição comemorava a vitória dos militares em abril de 1964.
Na capa, o ex-governador e deputado Carlos Lacerda, uma das línguas mais ferinas do Brasil. Primeiro apoiou, depois rejeitou o Movimento.
Ele queria que os militares sanassem o país, então adernado, e o devolvessem aos civis. Adivinhem quem seria ou queria ser o candidato a Presidente da República?
A Manchete ganhou muito dinheiro com matérias hoje chamadas de conteúdo editorial, mas que são apenas matérias pagas. Vamos parar com essa hipocrisia.
Voltando a Lacerda. Ele foi um caso raro de ótimo legislador e governador bem sucedido. Nos discursos que fazia na Câmara dos Deputados, mirava desafetos com suas frases desconcertantes.
Certa vez, o chacal do vitupério criticou acerbamente um adversário político com seu estilo cáustico. O alvo pediu um aparte.
– O que vossa excelência fala entre no meu ouvido e sai no outro.
A resposta levou décimos de segundo.
– Impossível. O som não se propaga no vácuo!