Como todos sabem, passei uma semana internado no Hospital Nora Teixeira para desentupir as coronárias, e, para alargá-las, colocaram 4 stents. Eu preferiria molas de caminhão Mercedes 1313.
Foi tudo bem, hospital de primeira. Minha dieta era livre e a comida era boa. Mas, pela manhã, surgiu um problema.
Vi que o café da manhã do meu vizinho de quarto era portentoso, ao passo que no meu só duas fatias de pão de forma, mamão e sachês de goiabadas light, que a Conservas Ritter vende para meio mundo. Abri-las onde diz “puxe” é inútil, tem que ser com facada.
Puxa, pensei, qual a explicação? Um aviso dizia que eu era diabético, coisa que nunca fui. Meu índice de açúcar é baixo. A cozinha foi avisada e passei a receber café normal.
Uma enfermeira perguntou se agora estava tudo bem, eu respondi que exigia uma indenização.
– Indenização? – respondeu ela, e arregalou os olhos.
– Sim, por prejuízos ao meu estômago.
– E qual seria essa indenização?
– Se vier um pedaço de carne no almoço e no jantar, quero dois pedaços de carne, um ovo cozido e um suco de laranja Petry.
A indenização foi devidamente paga religiosamente até o dia que dei baixa.