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A indenização

Como todos sabem, passei uma semana internado no Hospital Nora Teixeira para desentupir as coronárias, e, para alargá-las, colocaram 4 stents. Eu preferiria molas de caminhão Mercedes 1313.

Foi tudo bem, hospital de primeira.  Minha dieta era livre e a comida era boa. Mas, pela manhã, surgiu um problema.

Vi que o café da manhã do meu vizinho de quarto era portentoso, ao passo que no meu só duas fatias de pão de forma, mamão e sachês de goiabadas light, que a Conservas Ritter vende para meio mundo. Abri-las onde diz “puxe” é inútil,  tem que ser com facada.

Puxa, pensei, qual a explicação? Um aviso dizia que eu era diabético, coisa que nunca fui. Meu índice de açúcar é baixo. A cozinha foi avisada e passei a receber café normal.    

Uma enfermeira perguntou se agora estava tudo bem, eu respondi que exigia uma indenização.

– Indenização? – respondeu ela, e arregalou os olhos.

– Sim, por prejuízos ao meu estômago.

– E qual seria essa indenização?

– Se vier um pedaço de carne no almoço e no jantar, quero dois pedaços de carne, um ovo cozido e um suco de laranja Petry.

A indenização foi devidamente paga religiosamente até o dia que dei baixa.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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