Morreu, aos 76 anos, o meu amigo Wanderley Soares, um jornalista da velha guarda. Uma das coisas que eu mais gostava do Wandeco era a risada fácil, mas enganava-se quem via nele um folgazão. Ao contrário, como repórter e editor de reportagem policial era osso duro de roer. Era sua especialidade. Nos últimos anos, estava no jornal O Sul.
A última vez eu ele atirou uma risada em mim foi no Bar do Beto da Venâncio. Eu na minha pizza bebendo mineral e ele e sua mulher na mesa em frente. Falei qualquer coisa e ele caiu na risada. Wanderley pegou os tempos duros como eu, mas acho que os dele foram bem mais duros. Nem sempre a sorte lhe sorriu, com uma exceção que eu saiba, e nem sempre seu enorme valor foi reconhecido.
As melhores lembranças dele são do tempo do bar Porta Larga, na Érico, quase ao lado do prédio da ZH, anos 1980. Éramos felizes mesmo em uma década em que a inflação comia seu dinheiro do dia para noite – literalmente.
A vez que Wanderley se deu bem com a sorte foi no final dos anos 1990. Em uma dessas varridas que a RBS fazia, sobrou para o Wandeco. Foi posto no olho da rua sem dó nem piedade. Na hora que recebeu o bilhete azul, o saudoso desembargador Guilherme Castro ligou para ele para convidá-lo para ser assessor de imprensa do Tribunal de Justiça do RS, com um belo salário. Premiado pelas circunstâncias, aceitou.
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